Novos dados apontam para que tenha sido mesmo uma overdose a matar Prince
Na manhã em que o artista foi encontrado morto, tinha uma consulta marcada com um médico que lhe apresentaria um plano de tratamento para a dependência de analgésicos.
À medida que os dias passam, vão surgindo novos dados que, enquanto não chega o resultado definitivo da autópsia, permitem reconstituir o que terão sido os últimos dias de Prince e o que lhe terá provocado a morte. E tudo indica que o músico tenha mesmo sido vítima de uma overdose acidental. Esta quinta-feira, uma notícia do Washington Post aponta nessa direcção: o autor da chamada para as emergências médicas, depois de o corpo de Prince ter sido encontrado na sua mansão, foi um médico que ali se encontrava para discutir com o cantor um tratamento para a dependência de analgésicos.
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À medida que os dias passam, vão surgindo novos dados que, enquanto não chega o resultado definitivo da autópsia, permitem reconstituir o que terão sido os últimos dias de Prince e o que lhe terá provocado a morte. E tudo indica que o músico tenha mesmo sido vítima de uma overdose acidental. Esta quinta-feira, uma notícia do Washington Post aponta nessa direcção: o autor da chamada para as emergências médicas, depois de o corpo de Prince ter sido encontrado na sua mansão, foi um médico que ali se encontrava para discutir com o cantor um tratamento para a dependência de analgésicos.
Andrew Kornfeld é filho e sócio de Howard Kornfeld, um médico da Carolina do Norte especializado na dependência de opiáceos. Segundo o Washington Post, que cita o Minneapolis Star Tribune, Howard teria sido contactado pela equipa de Prince na noite de 20 de Abril, pedindo ajuda imediata para a situação de “emergência médica” vivida pelo músico. Impossibilitado de responder em tempo útil, Howard delegou no filho Andrew a responsabilidade de ir ao encontro de Prince. “O plano era fazer uma avaliação rápida da sua saúde e definir um plano de tratamento”, explicou ao Washington Post o advogado dos Kornfelds, William Mauzy.
Na manhã seguinte, Andrew deparou-se com uma Paisley Park vazia. Passado algum tempo, quando membros do staff de Prince já haviam acorrido à mansão às portas de Minneapolis, preocupados com a sua ausência, o corpo do seu patrão foi encontrado no interior de um elevador. Perante o estado de choque dos colaboradores, foi Andrew Kornfeld a telefonar para as emergências.
O relato dado em primeira mão ao Minneapolis Star Tribune é consistente com a longa cronologia dos últimos dias de Prince publicada sexta-feira passada no Guardian. O diário britânico dava conta de que, na manhã de 21 de Abril, data da morte, os seus colaboradores mostraram preocupação pela falta de comparência de Prince a uma “consulta de medicina holística”.
Uma semana antes, quando do último concerto, o reinício da digressão a solo Piano & A Microphone Tour, nada indicava que Prince estivesse gravemente doente, ainda que essa actuação, dia 14 de Abril, fosse consequência do adiamento da data originalmente marcada – Prince estaria a braços com uma forte gripe, justificaram os seus representantes. Dia 14, tudo normal. “Não estava a sentir-se bem quando chegou, mas não suspeitaríamos de nada”, recordou Lucy Lawler-Freas, a promotora responsável pela marcação do concerto no Fox Theater, em Atlanta. “Fez um curto teste de som. Nunca diríamos que estava doente. Os concertos foram fenomenais." O único sinal de algo anormal residiu na ausência da habitual festa pós-concerto.
Na madrugada dessa noite, cerca da 1h, o avião em que seguia o músico foi obrigado a uma aterragem de emergência em Moline, no Illinois, depois de Prince ter caído inconsciente. Após ser tratado com uma injecção de Narcan, usado para tratar overdoses de opiáceos, Prince deveria recuperar no hospital que o acolheu. Contudo, dez horas depois da aterragem de emergência, o cantor de Purple rain voltava a embarcar em direcção a Minneapolis. A baterista Sheila E, colaboradora desde a década de 1980, revelou que Prince sofria de dores crónicas na anca e no joelho, maleita que se recusava a tratar convenientemente dado o facto de a terapêutica indicada colidir com as suas convicções religiosas enquanto Testemunha de Jeová.
Nos dias seguintes, Prince manteve a sua rotina. Assistiu a um concerto da cantora Lizz Wright e comprou discos na sua loja preferida. Foi visto a passear de bicicleta e esteve presente, ainda que brevemente, em mais uma das festas que organizava a intervalos regulares em Paisley Park. Dia 19, porém, terá recorrido aos serviços de um médico do hospital Twin Cities, em Minneapolis. Dois dias depois, na manhã de dia 21, Andrew Kornfeld chegou a Paisley Park com o objectivo de apresentar ao dono da casa um tratamento para a dependência de analgésicos. Prince jazia morto num elevador.