Casal luso-angolano assassinado em Luanda

Homicídio ocorreu nesta terça-feira nos arredores da capital Luanda.

Foto
Elvira Mil-Homens e Fernando Silva nunca tinham sido ameaçados, conta uma sobrinha DR

Um casal de empresários luso-angolanos de meia-idade foi assassinado, nesta terça-feira, nos arredores de Luanda. Proprietários de uma loja de artigos para o lar chamada Fermil, Elvira Mil-Homens, de 61 anos, e Fernando Silva, de 56, seguiam de carro para o condomínio privado onde moravam ao final do dia quando outro veículo lhes travou a marcha.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Um casal de empresários luso-angolanos de meia-idade foi assassinado, nesta terça-feira, nos arredores de Luanda. Proprietários de uma loja de artigos para o lar chamada Fermil, Elvira Mil-Homens, de 61 anos, e Fernando Silva, de 56, seguiam de carro para o condomínio privado onde moravam ao final do dia quando outro veículo lhes travou a marcha.

"O filho de 33 anos, que se encontrava no banco de trás, pensava que era um assalto. Saiu do carro e disse-lhes para levarem tudo. Mas não levaram nada", descreveu ao PÚBLICO uma sobrinha do casal, Katyana Mil-Homens, explicando que Fernando Silva foi morto em primeiro lugar. "A minha tia ainda disse ao filho: 'Mataram o teu pai'. A seguir também a atingiram a ela."

Katyana Mil-Homens explica ainda que os atacantes, que seriam quatro, actuaram de caras tapadas. Ignora o porquê do duplo homicídio: "Não fazemos ideia. Nunca tinham sido ameaçados. Terá sido por engano?", interroga. As autoridades angolanas estão a investigar o crime, que ocorreu em Viana, nos arredores da capital.

O grupo não efectuou qualquer disparo contra o filho do casal, cujos corpos serão transladados para Portugal, onde serão cremados — não tanto pelas ligações dos empresários a Portugal, que não eram muitas, mas por ser aqui que se encontra uma filha sua, que não pode viajar para Angola por estar grávida.

Ontem mesmo, as autoridades francesas emitiram um aviso de segurança alertando os cidadãos daquele país para não utilizarem a Via Expresso, uma espécie de circular que rodeia Luanda e artéria na qual teve lugar o crime, por ali ter sido raptado recentemente uma pessoa desta nacionalidade. Quem tiver de circular nesta estrada deverá fazê-lo sob escolta armada ou acompanhado de vários outros veículos, aconselharam também às empresas francesas. As autoridades diplomáticas portuguesas não planeiam, pelo menos por enquanto, emitir nenhuma recomendação deste género.

O secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro, disse aos jornalistas na Assembleia da República, à margem da reunião plenária do Conselho das Comunidades Portuguesas, que está a acompanhar as diligências judiciais em curso em Luanda.

"O consulado de Portugal em Angola já contactou com o procurador-geral da República solicitando a maior celeridade possível nas investigações", adiantou o governante, que apelou aos portugueses que vivem nos estrangeiro ou que se desloquem para fora do país temporariamente que façam a inscrição consular, fornecendo informação sobre as suas movimentações nos países onde se encontram e que consultem regularmente os alertas colocados pelo Governo na página da Internet da Secretaria de Estado das Comunidades.

Em Luanda o caso está nas mãos do Serviço de Investigação Criminal, que desempenha as mesmas funções que a Polícia Judiciária portuguesa. Contactado pelo PÚBLICO, este serviço não prestou, até ao momento, quaisquer informações sobre o desenvolvimento da investigação. com Lusa