Acordo entre troika e Grécia mais uma vez adiado
Primeiro-ministro grego queixa-se do FMI e quer cimeira europeia extraordinária para resolver o assunto.
O ambiente era de maior optimismo e o acordo até parecia estar à vista, mas no final de mais uma ronda negocial acerca da primeira avaliação do programa grego, o Governo Syriza e as instituições que compõem a troika não foram capazes de chegar a um entendimento que permita a libertação de mais uma tranche do empréstimo à Grécia.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O ambiente era de maior optimismo e o acordo até parecia estar à vista, mas no final de mais uma ronda negocial acerca da primeira avaliação do programa grego, o Governo Syriza e as instituições que compõem a troika não foram capazes de chegar a um entendimento que permita a libertação de mais uma tranche do empréstimo à Grécia.
O anúncio oficial do novo impasse nas negociações foi feito pelo porta-voz do presidente do Eurogrupo, que revelou no Twitter que a reunião dos ministros das Finanças que se pensava poder ocorrer esta semana para concluir um acordo afinal não irá ocorrer para já. “É preciso mais tempo”, escreveu o porta-voz de Jeroen Dijsselbloem, que não deu qualquer indicação sobre quando poderá ser realizada a reunião.
Os problemas, de acordo com as informações que têm estado a ser veiculadas por vários órgãos de comunicação social gregos e internacionais, estão relacionados com o plano de contingência que os responsáveis da troika exigem agora ao governo grego. Um entendimento até já parece ter sido atingido em relação ao pacote de medidas de consolidação orçamental para aplicar imediatamente num valor equivalente a 3% do PIB grego (cerca de 5400 milhões de euros), mas permanecem os obstáculos para se chegar a acordo em relação à definição de um plano B, em caso de derrapagem.
Do lado da troika, e muito especialmente do FMI, a ideia é que Atenas especifique e passe mesmo a lei um pacote de medidas de contingência no valor de 3600 milhões de euros (2% do PIB), para que, em caso de incumprimento das metas do programa, estas possam ser passadas à prática.
Do lado do Governo grego, o argumento é o de que não é possível passar a lei medidas que sejam só para aplicar em caso de necessidade. Atenas tem vindo a sugerir em alternativa a criação de um mecanismo automático de ajustamento na eventualidade de uma derrapagem nas metas orçamentais. Essa solução parece no entanto não satisfazer os credores, em particular o FMI.
É neste cenário que Alexis Tsipras vai tentar levar o assunto da mesa de negociações com a troika para o mais alto nível da liderança política europeia, principalmente porque dentro do Governo grego a percepção é a de que nesta fase é o FMI que mais se opõe à solução apresentada por Atenas.
O primeiro-ministro grego deverá nesta quarta-feira solicitar ao presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, a realização de uma cimeira extraordinária de líderes. No Verão passado, quando ainda se estava a definir o conteúdo do programa grego, esta foi a forma encontrada em diversas ocasiões para tentar desbloquear situações de impasse nas negociações.