Exército ordena inspecção ao Colégio Militar

"Se pudesse voltar atrás, teria actuado da mesma forma", disse o ministro Azeredo Lopes aos deputados.

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Azeredo Lopes foi ouvido no Parlamento esta terça-feira Fernando Veludo/NFactos

O general Frederico Rovisco Duarte, novo Chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), ordenou uma inspecção ao Colégio Militar na sequência de relatos de discriminação por orientação sexual. Quem o revelou esta terça-feira foi o ministro da Defesa Nacional, Azeredo Lopes, perante os deputados da comissão parlamentar de Defesa.

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O general Frederico Rovisco Duarte, novo Chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), ordenou uma inspecção ao Colégio Militar na sequência de relatos de discriminação por orientação sexual. Quem o revelou esta terça-feira foi o ministro da Defesa Nacional, Azeredo Lopes, perante os deputados da comissão parlamentar de Defesa.

“Esta é uma questão de princípio”, disse Azeredo Lopes, referindo-se às declarações do tenente-coronel António Grilo, subdirector do Colégio Militar (CM) ao diário digital Observador, sobre a forma como eram encarados, pelos colegas, os alunos homossexuais do estabelecimento militar público.  Aquele responsável admitiu ser hábito falar com os encarregados de educação dos educandos em situações de afectos [homossexuais].

“Para que percebam que o filho acabou de perder espaço de convivência interna e a partir daí vai ter grandes dificuldades no relacionamento com os pares, porque é o que se verifica, são excluídos”, disse. “Esta é uma questão de princípio, não está em causa uma distorção entre as relações do poder militar com o poder político”, acentuou o ministro. Assim, especificou, em reacção às notícias veiculadas pela imprensa, pediu esclarecimentos sobre a situação ao anterior CEME, general Carlos Jerónimo.

“Com total lealdade, o ministro procurou que o Exército tomasse uma posição sobre este assunto”, explicou o titular da pasta da Defesa, em resposta ao PSD, que requereu a sua audição. A diligência ministerial, prosseguiu, teve como base declarações [do subdirector do CM) que classificou de “infelizes”. O que o ministério pediu foi sintetizado pelo próprio titular: “Que medidas iam ser tomadas?”.

Neste ponto, o ministro da Defesa Nacional respondeu aos argumentos de sectores militares que o criticaram por ter tornado pública a sua preocupação. “Não há reserva possível perante declarações públicas prontas a explodir como infelizmente veio a verificar-se”, historiou. E deixou uma garantia: “Se pudesse voltar atrás teria actuado da mesma forma.”

Ao longo da sua audição sobre esta matéria, Azeredo Lopes expôs a sua posição. “Nunca disse que havia um problema [no CM], mas que aquelas declarações podiam evocar a existência de um problema”, insistiu. De alguma forma, o modo como a questão apareceu colocada nas declarações do subdirector do Colégio Militar podia prestar-se a equívocos: “Aquelas declarações podiam passar a ideia de resignação.”

Contudo, o ministro da Defesa Nacional alertou os deputados. “Ninguém deve ser trucidado em público por declarações infelizes”, referiu. “São declarações que permitem ficar preocupado”, referiu, admitindo que podia trespassar a ideia de uma omissão em práticas de exclusão de alunos homossexuais no Colégio Militar.

Sobre a demissão do general Carlos Jerónimo, antigo CEME substituído em 15 de Abril pelo general Rovisco Duarte, o titular da Defesa confessou ter boa opinião do anterior responsável do Exército. Por isso, recusou leituras da sua demissão relativas a divergências sobre a política para aquele ramo, lembrando que este invocou motivos de índole pessoal.

Azeredo Lopes teve o apoio das bancadas da esquerda que suportam o Governo – “o ministro agiu de forma exemplar”, disse o deputado bloquista João Gonçalves. PSD e CDS foram incisivos nas suas perguntas, mas inconclusivos nas suas declarações. Já o deputado comunista António Filipe deixou uma interrogação sobre a natureza da cultura que subsiste no Colégio Militar sobre a homossexualidade.