Notas sobre a educação para o uso da internet

As dependências não químicas têm vindo a dominar a atenção dos especialistas em comportamentos aditivos

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Crew/Unsplash

Ao homem não basta a celeridade natural. A sociedade que criou possibilita um ritmo muito mais elevado — exige um ritmo muito mais elevado. O homem fica, pois, a estar mais adaptado se associado a uma máquina informática que o inscreva como mais um nó na rede. Passamos assim a dois: o homem e o virtual — seja ele materializado no smartphone, no tablet, ou no simples portátil. Transformamo-nos então em binómio.

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Ao homem não basta a celeridade natural. A sociedade que criou possibilita um ritmo muito mais elevado — exige um ritmo muito mais elevado. O homem fica, pois, a estar mais adaptado se associado a uma máquina informática que o inscreva como mais um nó na rede. Passamos assim a dois: o homem e o virtual — seja ele materializado no smartphone, no tablet, ou no simples portátil. Transformamo-nos então em binómio.

Constatada a evidência cumpre-nos refletir sobre as relações de poder que se podem instalar no interior desse binómio. Estudos recentes consideram a variável idade (isto é a idade da primeira exposição ao ambiente virtual ou a dispositivos tecnológicos) como constituindo um fator de risco relativamente ao desenvolvimento de uma perturbação de dependência.

Apliquemos o nosso binómio à situação que nos traz aqui hoje: a internet, o tecnológico a dominar o humano. As dependências não químicas têm vindo a dominar a atenção dos especialistas em comportamentos aditivos. Tradicionalmente o conceito refere-se à dependência de jogo ou correlatas. A dependência à internet, sob este ponto de vista pode-se enquadrar no conceito.

Este género de comportamentos tem inclusive chamado a atenção de vários especialistas de doenças mentais que pensam a problemática em torno de conceitos como Dependência Comportamental ou ainda Perturbação… conceitos antigos para velhos comportamentos, ainda que agora em novíssimos dispositivos.

Em vez de corrermos atrás do prejuízo, como sempre fazemos, cumpre tomar medidas.

Listemos alguns dos passos a observar. Em primeiro lugar, o levantamento sistemático de práticas. A preocupação, digamos, epidemiológica não se pode limitar a comportamentos quantificáveis. Interessa-nos conhecer também a apropriação social das tecnologias. Por outras palavras: em que medida o uso de um novo dispositivo tecnológico desenha comportamentos corretos e incorretos?

A partir deste mapeamento poderemos depois tentar conhecer as formas como essas práticas podem transformar-se em problemas — em dependências, em comportamentos agressivos, entre muitas outras possibilidades (muitas delas também positivas).

Resta depois a intervenção no sentido de criar ambientes mais seguros, solidificando abordagens educativas. Nessas abordagens teremos ciente uma outra evidência: apesar dos novos dispositivos, as capacidades emocionais e cognitivas, as tarefas desenvolvimentais permanecem praticamente inalteráveis. Este é o principal chão firme do educador nestas áreas. Apesar da panóplia de novas práticas e dispositivos o educador está ainda — e sempre — em frente de crianças e jovens.

Perante estes públicos, independentemente das suas práticas e vivências, perguntas como: "Como escolho os meus amigos?"; "como giro a minha privacidade?", entre muitas outras, permanecem sempre atuais.