PSOE avança proposta de última hora para evitar novas eleições em Espanha
Socialistas fazem proposta a partidos de esquerda, mas já contam com rejeição do Cidadãos. Rei recebe esta terça-feira líderes partidários.
Durou muito pouco tempo a janela de esperança de que um acordo de governo pudesse ser alcançado em Espanha, a fim de evitar novas eleições. O rei Filipe VI termina esta terça-feira as audiências com os partidos políticos e, muito provavelmente, deverá convocar novas eleições gerais para 26 de Junho.
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Durou muito pouco tempo a janela de esperança de que um acordo de governo pudesse ser alcançado em Espanha, a fim de evitar novas eleições. O rei Filipe VI termina esta terça-feira as audiências com os partidos políticos e, muito provavelmente, deverá convocar novas eleições gerais para 26 de Junho.
O Partido Socialista (PSOE) surpreendeu ao fazer esta manhã uma proposta para um acordo de governo que levasse a esquerda ao Palácio da Moncloa, sede do executivo. “Ainda podemos evitar eleições”, afirmava o porta-voz do PSOE, Antonio Hernando.
A proposta surgiu na forma de uma resposta à formação regional de Valência, Compromís, que enviou ao PSOE um programa de 30 pontos que funcionavam como condições para que apoiasse um governo socialista. O partido liderado por Pedro Sánchez disse que concordava com 27 das alíneas e propôs “clarificações” sobre os três restantes – despejos, protecção social e reforma laboral.
A contraproposta socialista apresentava ainda uma série de condicionantes à própria acção de um futuro governo. O executivo seria composto pelo PSOE, com apoio de “independentes” dos restantes partidos de esquerda e, ao fim de dois anos, Pedro Sánchez teria de se sujeitar a uma moção de confiança.
“Defendemos que um acordo com Compromís, tal como o interpretamos, com esses 27 sins e essas três clarificações, é totalmente compatível com o acordo com o Cidadãos”, garantia o porta-voz socialista.
Falou cedo de mais Antonio Hernando. Cerca de uma hora depois do anúncio do PSOE, a formação de centro-direita rejeitava a nova proposta. “Não vamos dar apoio à proposta do Compromís nem à contraproposta do PSOE”, afirmou o vice-presidente do Cidadãos, José Manuel Villegas.
“Não vamos entrar numa confusão à última hora com um programa de governo que são duas folhas com títulos e medidas não quantificadas e que despacha o tema do referendo [na Catalunha] num parágrafo com poucos pormenores”, justificou Villegas.
Pouco depois, foi a vez de o líder partidário, Albert Rivera, confirmar a decisão: "Vi três páginas para governar quatro anos entre seis partidos diferentes. Não é sequer algo para valorizar politicamente."
Mas também à esquerda houve desencanto com a contraproposta do PSOE. O líder do Podemos, Pablo Iglésias, viu na resposta socialista demasiados "nãos". "Era uma proposta que estava em linha com o que fomos propondo durante vários meses. Era um esforço que nos teria agradado que se tornasse realidade, mas, infelizmente, vi o não do PSOE."
De regresso à estaca zero, o rei deverá mesmo marcar novas eleições, depois de finalizar a terceira e última ronda de reuniões com os partidos. Na segunda-feira, Filipe VI ouviu alguns dos líderes das formações menos representadas no Parlamento e na tarde desta terça-feira recebe os restantes partidos, entre os quais o PSOE e o Partido Popular do primeiro-ministro em funções, Mariano Rajoy.