Malária fez três mil mortos em Angola desde o início do ano

Acumulação de lixo em Luanda e chuvas fortes são apontadas pela OMS como as principais causas. País também enfrenta grave surto de febre-amarela.

Foto
A acumulação de lixo em Luanda é uma das causas para a propagação da malária AFP

Nos primeiros três meses do ano, um surto de malária fez 2915 mortos em Angola, revelou esta terça-feira a Organização Mundial de Saúde (OMS).

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Nos primeiros três meses do ano, um surto de malária fez 2915 mortos em Angola, revelou esta terça-feira a Organização Mundial de Saúde (OMS).

A malária é já a principal causa de morte em Angola, mas este ano prepara-se para ser recordado pelas piores razões. “Este novo surto de malária devastou o país inteiro, até em províncias que têm uma prevalência endémica baixa estamos a notar uma propagação e um crescimento dos casos”, disse à Reuters Hernando Agudelo Ospina, o representante da OMS em Angola.

A manter-se o ritmo, a taxa de mortalidade da malária pode chegar às 12 mil vítimas até ao final de 2016. No ano passado, a doença fez oito mil mortos e em 2014 morreram 5500 pessoas, compara a OMS.

Para além do novo surto de malária, Angola tem registado um aumento do número de casos de febre-amarela, com mais de 200 mortes, e de diarreia crónica. A acumulação de lixo nas ruas de Luanda devido a cortes orçamentais e as fortes chuvas têm contribuído para a prevalência destas doenças, diz Ospina.

A imprensa local diz que apenas 7,7% do Orçamento Geral do Estado é para a saúde, três vezes menos que a Segurança e Defesa, sendo esta a percentagem mais baixa da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral, segundo dados da OMS de 2013.

A agudização da propagação da malária em Angola está em contraciclo com o que tem acontecido na região. Desde o início do século, o combate à malária – que continua a ser uma das doenças mais mortíferas no continente africano – conseguiu reduzir em 42% o número de casos de contracção do parasita e cerca de 66% a taxa de mortalidade, de acordo com a OMS.

O surto de febre-amarela também está a preocupar. Cerca de 500 pessoas foram infectadas e 225 morreram desde que os primeiros casos foram registados em Dezembro. A epidemia já se propagou à República Democrática do Congo, onde 21 pessoas morreram.

A directora-geral da OMS, Margaret Chan, declarou que “este é o mais grave surto de febre-amarela que Angola enfrentou nos últimos 30 anos”, durante uma visita ao país este mês. Para conter a doença, as autoridades angolanas estenderam recentemente uma campanha de vacinação às províncias de Benguela e Huambo, para além da capital.