Os trabalhadores dos “call center” estão mais protegidos?
Sindicato dos Trabalhadores de Call Center marca o segundo aniversário com mais trabalhadores associados
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Call Center (STCC), Danilo Moreira, fez um balanço “bastante positivo” de dois anos de actividade da estrutura, acreditando que a profissão está mais protegida, embora precise de um maior envolvimento de todos.
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O presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Call Center (STCC), Danilo Moreira, fez um balanço “bastante positivo” de dois anos de actividade da estrutura, acreditando que a profissão está mais protegida, embora precise de um maior envolvimento de todos.
O STCC começou com 60 associados, tem mais de 200 e espera terminar o ano com cerca de 300, face ao apoio que presta diariamente, às crescentes denúncias e aos pedidos de ajuda que recebe de trabalhadores de call center (centros de atendimento telefónico). Danilo Moreira referiu que ao longo deste período têm conseguido evitar alguns “atentados aos direitos laborais”.
“Em Janeiro deste ano conseguimos, conjuntamente com os nossos associados, travar a vontade da Teleperformance de cortar no valor do prémio atribuído aos seus trabalhadores, usando o aumento do ordenado mínimo nacional como justificação, alegando que tal aumento seria prejudicial para a empresa, como se não se tratasse de uma empresa multinacional com lucros astronómicos”, exemplificou.
“Em Agosto de 2015, após a perda de uma campanha da PT em Lisboa para a concorrente Kelly Services, a Randstad tentou enganar os trabalhadores, ao apresentar cartas de despedimento por acordo mútuo, recorrendo à coacção e prestando informações falsas, tentando roubar-lhes os direitos protegidos por lei. Conseguimos, com um esforço sindical conjunto que incluiu a nossa delegada sindical, fazer a Randstad recuar a sua posição”, acrescentou.
Para Danilo Moreira, o que a lei diz muitas vezes não é posto em prática pela maioria das empresas empregadoras e tem “repercussões negativas”, quer a nível individual, quer a nível colectivo, afectando toda a sociedade em geral e lesando o Estado e a Segurança Social.
Por outro lado, defendeu, "dá azo à consequente descredibilização da própria empresa" perante todos os seus trabalhadores e parceiros de negócio. “Há incongruências entre o que as empresas apregoam o que está descrito nas suas missões, nos seus valores, nas suas mensagens”, sejam elas empresas de trabalho temporário ou não, líderes de mercado e outras, os problemas surgem diariamente e de uma forma transversal, disse. “E é chocante, pois o desrespeito pelo trabalhador é brutal. Para as empresas somos números e temos de deixar de o ser”, acrescentou.
União "extermina os prevaricadores"
Danilo Moreira acredita que os trabalhadores estão hoje muito mais protegidos, do que há dois anos, no entanto, é “extremamente necessário um maior envolvimento por parte de todos os trabalhadores do sector, de forma a não verem os seus direitos desrespeitados, seja através de denúncias efectuadas e sobretudo no sentido de assumirem um compromisso participativo e activo de melhoria efectiva directamente nos seus postos de trabalho”.
Para tal, referiu, há também que eleger mais delegados, continuar a aumentar o número de associados, pois “sem esse envolvimento nada ou pouco acontece”. “A união dos trabalhadores extermina os prevaricadores”, sublinhou.
O sindicato tem em curso uma petição sobre o tema “O Trabalho em Call Center é uma Profissão de Desgaste Rápido” , contando actualmente com mais de 5000 assinaturas, pelo que a planeia entregá-la no Parlamento ainda este ano, antes do Verão. “É urgente organizar todo o nosso sector que tem as suas especificidades e que carece de uma regulamentação própria”, disse.
No dia 1 de Maio, dia do Trabalhador, o STCC irá marcar a sua presença nas iniciativas sindicais programadas, pedindo “a todos os trabalhadores do sector para estarem presentes”.
“Juntos pretendemos melhorar as condições de trabalho em Portugal e principalmente organizar-nos para defender os nossos direitos e conquistar mais para o nosso sector, caracterizado pela precariedade”, acrescentou.
O sindicato estima que existam actualmente mais de 55 mil trabalhadores de "call center", distribuídos por mais de 100 centros no país.