"Árvores" que carregam telefones ou "brinconautas" são Ideias de Origem Portuguesa

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Os satélites detectam as árvores mais adequadas para as necessidades produtivas Daniel Rocha

Criar “árvores” que carregam telemóveis, apoiar casais com filhos recém-nascidos ou promover a brincadeira na rua são propostas do concurso Ideias de Origem Portuguesa, um projecto da Fundação Gulbenkian, que vale 50 mil euros.

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Criar “árvores” que carregam telemóveis, apoiar casais com filhos recém-nascidos ou promover a brincadeira na rua são propostas do concurso Ideias de Origem Portuguesa, um projecto da Fundação Gulbenkian, que vale 50 mil euros.

Este ano em quinta edição, o projecto (dirigido à diáspora portuguesa) recebeu 53 ideias de empreendedorismo social e escolheu dez para uma lista final, sendo os vencedores conhecidos a 3 de Junho, numa cerimónia com a presença do Presidente da República.

As Ideias de Origem Portuguesa começaram em 2011, na sequência do aumento da emigração decorrente da crise económica, explicou Luís Jerónimo, do Programa Gulbenkian de Desenvolvimento Humano, e gestor do concurso desde a primeira edição. O objectivo é, explicou, a colaboração entre portugueses na diáspora e outros em Portugal, mantendo forte a ligação ao país. É “aproveitar este capital de experiência e não deixar que esses laços com o país se percam”.

Este ano os finalistas integram elementos de Espanha, Alemanha, França, Reino Unido, Estados Unidos, Brasil e Qatar.

Segundo Luís Jerónimo, até agora, o júri já analisou 450 ideias e premiou mais de uma dúzia, uma delas, em 2013, chamada Fruta Feia. É, lembrou, uma cooperativa de consumo que começou com esse dinheiro e que hoje se valorizou, já teve um financiamento de fundos europeus e que evita o desperdício de toneladas de fruta todas as semanas.

A Orquestra XXI foi outra das ideias premiadas no passado (venceu a segunda edição). Junta músicos portugueses que estão em orquestras do mundo e já agregou mais de uma centena deles. Está na iniciativa Dias da Música, no Centro Cultural de Belém, que começa nesta sexta-feira, em Lisboa.

Luís Jerónimo fala com orgulho de todos os projectos vencedores. Lembra, por exemplo, um recente, de utilizar rebanhos de cabras para limpar matas e florestas (que já está no terreno), e explica: “Não estamos à procura de projectos prontos a arrancar, o que procuramos são boas ideias, projectos com potencial”.

Das dez “boas ideias” finalistas deste ano, está por exemplo um projecto que envolve mulheres pescadoras na protecção das pradarias marinhas do rio Sado, a promoção das brincadeiras de crianças na rua, criando “brinconautas” ou “grupos de brincar comunitários”, ou um programa de literacia e “alfabetização emocional”, também para crianças.

O projecto Lua de Leite pretende “criar uma plataforma de apoio aos pais, para que estes possam ter acesso a cuidados pós-parto domiciliares de baixo custo e de acesso universal em Portugal, inspirado nos existentes em países como o Reino Unido e os Países Baixos”, diz também a Fundação em comunicado.

O desenvolvimento da expressão oral dos jovens, uma reflexão sobre o valor do dinheiro ou a promoção do jazz português são outras ideias, como outra ainda, a de salvaguardar a construção à base de terra, “ambientalmente sustentável” e com “vantagens térmicas e acústicas”.

As “árvores” são um produto que associa design e tecnologia e consiste em colocar em espaços públicos urbanos “árvores” com wi-fi alimentadas por painéis de energia solar e onde se pode carregar telemóveis e outros utensílios.

O concurso tem um prémio de 50 mil euros, 25 mil para o vencedor, 15 mil para o segundo lugar e dez mil para o terceiro.