Throes + The Shine lançam "Wanga" fora da "zona de conforto"
Produzido pelo Moullinex e com edição da Discotexas, o terceiro disco da banda promete "energia"
O single “Capuca” é a única faixa ainda conhecida do novo álbum do colectivo Throes + The Shine. Além desta, o álbum é constituído por mais nove faixas de pura energia. Produzido pelo Moullinex e com edição da Discotexas, o terceiro disco da banda promete "energia".
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O single “Capuca” é a única faixa ainda conhecida do novo álbum do colectivo Throes + The Shine. Além desta, o álbum é constituído por mais nove faixas de pura energia. Produzido pelo Moullinex e com edição da Discotexas, o terceiro disco da banda promete "energia".
Marco e Igor, dois dos quatro elementos da banda, estiveram à conversa com o P3, num café da Alameda, em Lisboa. Igor Domingues, o baterista, leva o seu carioca de limão à boca e começa por explicar: “Este terceiro álbum é o primeiro em que temos um produtor de renome a dar-nos uma opinião e uma direcção mais concreta acerca das faixas do disco. Tentámos explorar outro tipo de sonoridades como, por exemplo, a música electrónica. Quisemos sair um pouco da área de conforto”, acrescenta. "Apesar de cada um de nós tocar uma coisa específica, não nos cingimos apenas a esse instrumento em particular”.
Os Throes + The Shine têm o coração dividido como o Marco Paulo: de um lado o Porto de onde Marco e Igor são naturais, do outro Luanda, onde o vocalista Diron nasceu. Decidiram fazer uma fusão do rock com o kuduro que se manifesta no rockuduro que contagiou mais de 100 países em vários festivais.
A gravação deste álbum “foi tranquila” conta Marco. Ao contrário dos outros álbuns, este foi realizado em Lisboa onde passaram uma temporada num estúdio na zona dos Anjos. “Combinámos datas, estivemos cá cerca de um mês com o Moullinex num estúdio nos Anjos e foi sempre a gravar. Antes disso, tivemos um processo de composição durante o Verão, no nosso estúdio, no Porto. Das 18 faixas escolhemos as melhores dez. E aqui estamos”.
O que mudou dos outros álbuns para este? “Em relação aos álbuns anteriores, demos uma maior variedade e dinâmica a este. Temos mais instrumentos. Antes estávamos focados numa rigidez porque erámos uma banda que tocava ao vivo e isso era limitativo, tocávamos tudo na hora, não podíamos esticar-nos. Como passámos de quinteto para quarteto, tivemos de recorrer a máquinas e isso é normal. A exigência é maior tanto por tocarmos em festivais grandes como por sermos menos. Precisámos de remodelar e de nos adaptar à situação. Este álbum também consegue ser melhor porque se desprendeu dessas limitações. O que nos viesse à cabeça podíamos fazer porque temos mais instrumentos e mais meios de o fazer”, revela Marco.
Eram um quinteto, mas, por motivos pessoais, passaram a ser um quarteto. Hoje, a banda é composta por Igor Domingues (baterista), por Marco Castro (o guitarrista e o responsável pelos sintetizadores), por Diron Shire (o vocalista) e contam ainda com a colaboração de um segundo vocalista, Mob, nos concertos.
“Por um lado, este álbum simboliza um ponto de mudança com a nossa entrada na família Discotexas. Por outro, simboliza a nossa diferença enquanto banda”, conta Igor.
Obra do destino
Pode dizer-se que são um dos pioneiros do estilo rockuduro em Portugal, — esta fusão de rock com kuduro que os uniu por “obra do destino”. Esbarraram uns nos outros e, entre o fazer e não fazer, demoraram cerca de seis meses a materializar um ensaio. No fim, quando se reúnem, apercebem-se de que conseguem “sacar músicas de forma muito espontânea”.
“O nosso começo, e até a realização do primeiro álbum, teve tanto de crua como de prematura. Não criámos grandes expectativas mas a recepção do público foi muito boa o que fez com que a coisa progredisse. Neste momento, sentimos que há um projecto legítimo que podemos chamar de filho e que permite explorar muita coisa. Temos uma fusão de culturas sempre a variar de álbum para álbum. Neste álbum ainda conseguimos mais diversidade do que antes porque temos um pouco de tudo: hip hop, música oriental, cultura sul-americana, pop”, conta o guitarrista.
Definem a sua música com a palavra energia. “Consideramos a nossa música, música de dança. Os nossos concertos são muito energéticos, por isso, queremos que as pessoas sintam a boa energia em torno do nosso projecto. Isso foi algo que tentámos transmitir no disco: achámos que nos outros álbuns não foi captado da melhor forma, então, tentámos que neste se salientasse essa vibe”, revela Igor.
Esta fusão desencadeará muitas outras. "E é natural que aconteça, tal como nos aconteceu a nós”, dizem. “Quando iniciámos o projecto vimos que havia abertura para este tipo de fusões e isso foi um dos pontos que nos fez acreditar que valia a pena. Hoje em dia é normal. Mais vale atirar o barro à parede do que não atirar”.
Os planos futuros são simples: continuar, progredir e ter sempre o maior alcance possível, o que será possível com este disco porque trocaram de editora. “Pela primeira vez vamos ter discos físicos a ser distribuídos lá fora”.
No dia 21 de Abril, às 23h, na discoteca Lux Frágil, em Lisboa dão continuidade à “Wanga Tour” onde cobram oito euros pela sua actuação. A tour que arrancou dia 18 de Março, em França, só finda em Junho, aqui em Portugal, no Nos Alive.
O disco conta com colaborações de Pierre Kwenders (Congo), La Yegros (Espanha) e Meridian Brothers (Colombia), “o que fornece muita diversidade ao álbum” contam os dois elementos da banda.