O custo político das decisões camarárias
Em Lisboa quem decreta o fim da calçada portuguesa não merece ser Presidente da Câmara.
Tenho seguido as reuniões da Assembleia Municipal de Lisboa através da Internet e mais uma vez agradeço à sua Presidente Helena Roseta esta facilidade.
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Tenho seguido as reuniões da Assembleia Municipal de Lisboa através da Internet e mais uma vez agradeço à sua Presidente Helena Roseta esta facilidade.
Apercebi-me que a oposição é praticamente inexistente nesta Assembleia. Da direita à esquerda, não há qualquer crítica substantiva à gestão camarária. Até parece que a democracia se afastou desta Assembleia.
Só para dar um exemplo, não houve oposição às futuras obras para a 2.° circular. São 10km de via rápida, de Benfica a Sacavém, via feita para circular como o nome indica, e que deixará de existir como tal.
Ninguém perguntou ao executivo quantos hectares irão ser libertos e licenciados para obras urbanísticas (construção de torres para habitação e escritórios), ao longo daqueles 8km de via rápida transformada em via urbana, dito "pulmão verde", para quem acredita nisso.
Não haveria mais nada em Lisboa onde gastar 12 milhões de euros?
Há decisões que têm grandes custos políticos!
O actual executivo ganhou as eleições autárquicas com um programa em contra ciclo da austeridade. Não só não cumpriu como nos aumentou os impostos, como reconheceu o actual Presidente da Câmara na apresentação do orçamento para 2015.
O aumento de impostos é bem visível na nossa factura da água. As novas taxas que agora nos cobram não se baseiam no nosso consumo real de água mas sim em escalões de consumo. E porquê? Porque a Câmara não sabe nem faz a mínima ideia dos custos associados aos seus encargos com o saneamento e com a recolha e transporte dos resíduos sólidos urbanos. Mas apesar disso considera que a sua gestão é merecedora de um prémio de desempenho, propondo agora o pagamento de ajudas de custo aos seus dirigentes. Serão assim institucionalizados os abonos de 2012 a 2015?
Volto a repetir, há decisões que têm grandes custos políticos.
Por ex., fazer inquéritos e votações populares via Internet em que importa pouco a qualidade da discussão para então concluir que os lisboetas não desejam pedras na calçada, é uma enorme farsa e tem custos políticos.
Em Lisboa quem decreta o fim da calçada portuguesa não merece ser Presidente da Câmara.
Investigadora aposentada, feminista