ACNUR considera credível notícia sobre morte de 500 migrantes no Mediterrâneo

Não se conhece a data exacta do naufrágio, mas pensa-se que pode ter acontecido na última semana. Vítimas partiram da Líbia e eram sobretudo da Somália.

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A morte de 500 pessoas num único naufrágio quase duplica o número de vítimas deste ano no Mediterrâneo. ARIS MESSINIS/AFP

Funcionários da Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) ouviram os relatos dos sobreviventes de um naufrágio no Mediterrâneo e concluíram que a informação sobre a morte, por afogamento, de 500 pessoas pode ser credível. Os sobreviventes "disseram que estiveram envolvidos num naufrágio que ocorreu no Mediterrâneo e que morreram cerca de 500 pessoas", lê-se num comunicado do ACNUR.

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Funcionários da Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) ouviram os relatos dos sobreviventes de um naufrágio no Mediterrâneo e concluíram que a informação sobre a morte, por afogamento, de 500 pessoas pode ser credível. Os sobreviventes "disseram que estiveram envolvidos num naufrágio que ocorreu no Mediterrâneo e que morreram cerca de 500 pessoas", lê-se num comunicado do ACNUR.

O desastre terá ocorrido ao largo da Líbia, e não do Egipto, como chegou a ser avançado esta semana, e as vítimas serão na sua maioria somalis que tentavam chegar à Itália.

Caso se confirme a morte destas 500 pessoas, este será um dos maiores naufrágios na história recente do Mediterrâneo e o mais mortífero desde que há um ano, também em Abril, perto de 800 pessoas morreram num naufrágio também ao largo da Líbia. O ACNUR não avança uma data exacta para este naufrágio, mas diz que terá acontecido na última semana.

De acordo com os sobreviventes, o desastre ocorreu no momento de os traficantes tentarem transferir dezenas de pessoas de uma embarcação pequena para um barco maior que esperava no mar alto. Essa segunda embarcação estava já sobrelotada e acabou por afundar-se com centenas de pessoas a bordo. As autoridades gregas resgataram 41 sobreviventes, que, por terem partido da Líbia, não serão enviados para centros de detenção como as pessoas chegadas da Turquia, como determina o acordo selado entre a União Europeia e Ancara.

Parte das vítimas terá partido do Egipto para fazer a viagem desde a Líbia. “Há famílias no Egipto a chorarem os seus filhos afogados no mar”, disse um líder da comunidade somali no Egipto, citado pelo diário britânico The Guardian. “Vejo ainda fotografias das pessoas afogadas nas redes sociais. Alguns eram meus alunos.”

Vozes críticas do acordo europeu com a Turquia para a contenção do fluxo de requerentes de asilo e migrantes alertam para a possibilidade de as redes de tráfico humano tentarem novas rotas para a Europa, como, por exemplo, desde a Líbia. A travessia desde o Norte de África é mais longa e perigosa do que desde a Turquia. É também a menos utilizada: este ano chegaram 25 mil pessoas à Itália vindas da Tunísia, Líbia e Egipto, comparadas com as quase 155 mil que desembarcaram irregularmente na Grécia.

A confirmar-se a morte de 500 pessoas num único desastre no Mediterrâneo, quase duplica o número de vítimas e desaparecidos contados desde o início do ano: 761 até esta quarta-feira. A Organização Internacional para a Migração (IOM) contou 3771 mortes na travessia do Mediterrâneo ao longo de 2015.