"Dívidas escondidas estão a deixar Moçambique mal visto"

Graça Machel, presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade defende a necessidade de esclarecer o escândalo que levou o FMI a suspender missão ao país

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Graça Machel Danie Rocha

A presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC) de Moçambique, Graça Machel, afirmou hoje que o país está a ser mal visto, devido a revelações sobre dívidas escondidas, defendendo a necessidade do esclarecimento do escândalo. 

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A presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC) de Moçambique, Graça Machel, afirmou hoje que o país está a ser mal visto, devido a revelações sobre dívidas escondidas, defendendo a necessidade do esclarecimento do escândalo. 

"O país está a ser mal visto, ainda não sabemos a totalidade da dívida que nós temos, o primeiro passo é conhecer o volume da dívida, em que condições ela foi feita, para se saber decidir como é que se vai lidar com ela", afirmou Machel, em Maputo, à margem de uma reunião internacional sobre saúde.

Insistindo ser preocupante a situação de dívida de Moçambique, a presidente da FDC, que foi ministra da Saúde no primeiro Governo moçambicano pós-independência, lançou um apelo para que o país aposte na produção interna como forma de reduzir a dependência em relação ao financiamento externo, alertando para o risco de uma crise económica profunda.

Graça Machel recordou que ainda há um mês Moçambique era visto como um país exemplar e lamento que agora as notícias demonstrem o contrário. Na passada sexta-feira soube-se através da directora do Departamento Africano do Fundo Monetário Internacional, Antoinette Sayeh, que o FMI tinha cancelado a missão que tinha agendada para esta semana, na expectativa de receber mais informações por parte do governo Moçambicano. 

"Agora as notícias para o mundo é dizer que Moçambique é o pior exemplo que se podia encontrar em matéria de contracção e gestão de dívida", afirmou Graça Machel.

O primeiro-ministro moçambicano reconheceu na terça-feira à noite que o FMI não tinha sido informado sobre um valor superior a mil milhões de dólares da dívida externa de Moçambique, revelou o organismo, que vê nesta atitude um "primeiro passo importante".

Carlos Agostinho do Rosário reuniu-se com a directora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, na terça-feira, em Washington.

"O primeiro-ministro de Moçambique reconheceu que um montante superior a mil milhões de dólares de sua dívida externa garantida pelo Governo não havia sido anteriormente divulgado ao Fundo", informou o FMI, numa nota enviada à agência Lusa.

Segundo o Fundo, Christine Lagarde recebeu a divulgação destas informações por parte das autoridades moçambicanas como um "primeiro passo importante".

Moçambique vai fornecer mais informações e documentação de apoio ao longo dos próximos dias para se poderem "apurar os factos e permitir que o Fundo efectue uma avaliação completa", destacou o FMI.

"O Fundo e Moçambique vão trabalhar juntos de forma construtiva para avaliar as implicações macroeconómicas dessas informações e identificar passos para restaurar a confiança", lê-se ainda na nota enviada à Lusa.

Segundo informações veiculadas pela imprensa internacional, o dinheiro resultante das dívidas que Maputo não declarou destinou-se à compra de equipamento de defesa marítima, incluindo 'drones' (aparelhos aéreos não tripulados) para a protecção da costa marítima, através da empresa Proindicus, participada pelos serviços secretos do país.