Metade da Grande Barreira de Coral está “morta ou a morrer”
Fenómeno de branqueamento dos corais está a matá-los devido às alterações climáticas.
Cientistas australianos revelaram esta quarta-feira que apenas 7% da Grande Barreira de Coral, que todos os anos gera 3900 milhões de dólares (cerca de 3450 milhões de euros) em turismo, não foi afectada pelo branqueamento em massa que está a destruir metade dos corais. O branqueamento dos corais ocorre quando a água está quente de mais: devido a esse aquecimento, as algas que vivem em simbiose com os corais, e lhes dão os tons coloridos, começam a produzir substâncias tóxicas e os corais acabam por as expulsar, o que pode levá-los à morte, além de os deixar esbranquiçados.
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Cientistas australianos revelaram esta quarta-feira que apenas 7% da Grande Barreira de Coral, que todos os anos gera 3900 milhões de dólares (cerca de 3450 milhões de euros) em turismo, não foi afectada pelo branqueamento em massa que está a destruir metade dos corais. O branqueamento dos corais ocorre quando a água está quente de mais: devido a esse aquecimento, as algas que vivem em simbiose com os corais, e lhes dão os tons coloridos, começam a produzir substâncias tóxicas e os corais acabam por as expulsar, o que pode levá-los à morte, além de os deixar esbranquiçados.
Corais que tenham sido afectados por um branqueamento moderado ainda conseguem recuperar se a temperatura baixar, caso contrário morrem. Embora o impacto tenha sido amplificado por uma das manifestações do El Niño mais fortes em quase 20 anos, os cientistas acreditam que as alterações climáticas são a causa principal. “Nunca vimos nada antes com esta escala de branqueamento. No Nordeste da Grande Barreira de Coral, é como se dez ciclones tivessem chegado à costa ao mesmo tempo”, disse Terry Hughes, porta-voz da Taskforce Nacional sobre o Branqueamento dos Corais, que realizou monitorizações aéreas a este local classificado como património da humanidade. “A nossa estimativa neste momento é que perto de 50% dos corais já morreram ou estão a morrer”, disse Terry Hughes à agência Reuters.
A Grande Barreira de Coral prolonga-se por 2300 quilómetros, entre a costa Nordeste da Austrália e Papuásia-Nova Guiné, e é o maior ecossistema vivo. “Houve quem dissesse que o pior já passou. Rejeitamos isso, e estão errados”, disse o ministro do Ambiente Greg Hunt aos repórteres. “Saiba-se que este é um fenómeno grave. Levamo-lo a sério.”
Em Maio do ano passado, o Comité do Património Mundial da Humanidade da UNESCO esteve quase a pôr a Grande Barreira de Coral numa lista “em risco” de desclassificação, mas a decisão levantava preocupações a longo prazo sobre o seu futuro.
A Austrália é um dos países que mais emite dióxido de carbono per capita devido à sua dependência de centrais termoeléctricas alimentadas a carvão. Apesar das promessas de corte das emissões de dióxido de carbono, o país tem continuado a apoiar projectos de combustíveis fósseis, incluindo o da mina de carvão Carmichael na Bacia da Galileia, no Oeste de Queensland. “Não basta dizerem que se preocupam com a barreira de corais enquanto apoiam a indústria do carvão e evitam combater as alterações climáticas”, disse Shani Tager, da organização ambientalista Greenpeace.
A descoberta do que se está agora a passar com os corais irá provavelmente pôr mais pressão sobre o primeiro-ministro Malcolm Turnbull antes das eleições federais previstas para 2 de Julho. Turnbull é defensor do comércio de emissões de carbono e apoia políticas progressivas para o clima, mas já deixou alguns desapontados quando o seu partido não reforçou os compromissos sobre as alterações climáticas.