Sobe para 413 o número de mortos no sismo que devastou o Equador
Presidente disse que há gente viva debaixo dos destroços e que a prioridade é salvá-las. Número de mortos pode aumentar.
O terramoto que no domingo devastou parte do Equador matou pelo menos 413 pessoas e feriu outras 2500, um número que pode "aumentar consideravelmente", segundo avisou o Presidente Rafael Correa. Segundo ele, "existem sinais de vida em grande parte dos escombros" e "a prioridade é resgatar" essas pessoas.
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O terramoto que no domingo devastou parte do Equador matou pelo menos 413 pessoas e feriu outras 2500, um número que pode "aumentar consideravelmente", segundo avisou o Presidente Rafael Correa. Segundo ele, "existem sinais de vida em grande parte dos escombros" e "a prioridade é resgatar" essas pessoas.
“Tudo pode ser reconstruído, mas vidas não podem ser recuperadas, e isso é o que magoa mais”, disse Correa, apelando a que os 16 milhões de habitantes do país permaneçam calmos e unidos perante uma situação de emergência, onde o número de mortos ainda deverá aumentar.
As demonstrações de solidariedade não tardaram, e já começaram a chegar ao país equipas de resgate e bens de primeira necessidade. A Venezuela, o Chile e o México enviaram ajuda humanitária, a Cruz Vermelha do Equador mobilizou mais de 800 voluntários para ajudarem nas buscas, e os Médicos sem Fronteiras prometeram enviar uma equipa vinda da Colômbia. Cerca de 530 milhões de euros de vários credores foram imediatamente disponibilizados, sendo que a União Europeia desbloqueou um milhão de euros para ajudar na assistência às vítimas. No entanto, o Governo equatoriano calcula que sejam necessários milhares de milhões de dólares para reconstruir o país.
As equipas de socorro começaram a chegar às zonas mais afectadas por este sismo de magnitude 7.8 na escola de Richter - cidades costeiras e turísticas da costa do Pacífico. O epicentro situou-se a 27 quilómetros de Muisne e a 170 quilómetros da capital do país, Quito, e afectou sobretudo as cidades de Manta, Portoviejo e, sobretudo, Pedernales. O facto de estas cidades não serem de fácil acesso, a que se junta a destruição causada pelo desabamento de vários edifícios e estradas e os inúmeros deslizamentos de terras, tem dificultado as operações de salvamento.
A Cruz Vermelha estipula que entre 70 a 100 mil pessoas necessitam de assistência, e que entre 3 a 5 mil exigem alojamento com urgência. As maiores necessidades estão relacionadas com o acesso a bens de primeira necessidade, água potável, saneamento, alojamento e alimento, sendo que a Cruz Vermelha espanhola prevê que as necessidades humanitárias aumentem à medida que a ajuda comece a chegar a outras zonas e que se disponha de mais informação.
Durante a noite de domingo para segunda-feira, os bombeiros utilizaram martelos pneumáticos para quebrar os destroços, de forma a encontrar vítimas, enquanto a multidão se aglomerava à volta, na esperança de que fossem encontrados sobreviventes. “Ouviam-se pessoas a gritar dos escombros”, conta Agustin Robles, um dos sobreviventes, à Reuters, enquanto esperava numa fila de 40 pessoas para receber água no estádio de Pedernales. “Havia uma farmácia onde as pessoas estavam presas, e nós não podíamos fazer nada”.
O estádio Maximino Puertas, em Pedernales, foi utilizado para prestar auxílio aos sobreviventes. Dentro do estádio foram montadas várias tendas, onde as equipas médicas tratavam dos feridos e vários voluntários tentavam auxiliar com comida e água.
Outros sobreviventes juntaram esforços para resgatar vítimas, enquanto a polícia patrulhava uma cidade às escuras, depois de ter ficado sem electricidade. Os locais utilizaram um pequeno tractor para remover os destroços e utilizavam as próprias mãos para procurar pessoas presas debaixo dos escombros.
Enquanto as equipas de emergência procuravam corpos e sobreviventes nos destroços, um residente de Pedernales chamou a atenção para o facto de os seus dois sobrinhos estarem dentro de um dos edifícios. “Encontrámos três familiares mortos, mas ainda procuramos dois desaparecidos, por isso apelamos à ajuda dos nossos vizinhos”, afirmou, citado pelo Guardian. “Está tudo uma confusão aqui em Pedernales. Todos os edifícios e todos os hotéis caíram. Não existe nenhuma ajuda para nós”.
Luis Quitto, residente na cidade de Pedernales contou ao Guardian que ele e outros voluntários ouviram gritos vindos de um pequeno hotel da cidade, depois de o edifício ter desabado, enquanto tentavam levar copos de água aos sobreviventes – uma tarefa complicada, tendo em conta a dificuldade em mover os detritos. “Ouvimos gritos toda a noite”, afirmou Quitto. “Existem pessoas presas debaixo do terraço, incluindo bebés. Precisamos da equipa de resgate, mas ainda não chegou ninguém”.
Em Portoviejo, cerca de 130 reclusos tiraram partido da situação e fugiram da prisão de El Rodeo. Mais de 35 já foram recapturados, mas os restantes ainda estão a monte, segundo informações das autoridades locais à Reuters. Na mesma cidade, vários locais foram pilhados, incluindo um escritório da segurança social. “Tenho que tirar alguma vantagem desta horrível tragédia. Preciso de dinheiro para comprar comida. Não há água, não há luz, e a minha casa foi destruída”, afirmou à Espinel, 40 anos, trabalhador no ramo da reciclagem.
Já em, Guayaquil, a maior cidade do país, as ruas estavam cheias de entulho, e uma ponte caiu. Maria Jaramillo, residente na cidade, descreveu à Reuters o horror que presenciou. “No início, [o sismo] era leve, mas foi ficando cada vez mais forte. Eu estava no sétimo andar quando as luzes se apagaram em todo o sector, antes de sermos retirados. As pessoas estavam muito ansiosas na rua. Saímos com os pés descalços”.
Este desastre constitui mais um revés para a economia do Equador, que já tinha previsto para este ano um crescimento perto de zero. A indústria da energia aparentemente ficou intacta após o terramoto, mas a principal refinaria do país, situada na cidade portuária de Esmeraldas, foi encerrada provisoriamente como medida de precaução. As exportações do país também serão afectadas, tendo em conta os estragos causados nas estradas e os atrasos que se verificam nos portos.
O sismo no Equador vem na sequência de uma série de terramotos que abalaram o Japão desde a última quinta-feira. Ambos os países estão situados numa área conhecida por “Anel de Fogo do Pacífico”, onde a actividade sísmica é muito forte. No entanto, os especialistas consideram que os fenómenos não estão directamente relacionados.
Texto editado por Ana Gomes Ferreira