Fim do acordo no BPI trava expectativa de entrada de Isabel dos Santos no BCP

Acções do BPI continuaram suspensas pela sexta sessão consecutiva e as do BCP caíram mais de 5%.

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BCP, liderado por Nuno Amado, pretende atrair novos accionistas. Pedro Cunha

As acções do BCP encerraram a sessão desta segunda-feira a cair 5,6%, para quatro cêntimos, em reacção ao fim do acordo entre os dois maiores accionistas do BPI, a empresária angolana Isabel dos Santos e os espanhóis do Caixabank. Os títulos do BPI continuaram suspensos pela sexta sessão consecutiva, situação que poderá ser alterada esta terça-feira, com o regresso à negociação.

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As acções do BCP encerraram a sessão desta segunda-feira a cair 5,6%, para quatro cêntimos, em reacção ao fim do acordo entre os dois maiores accionistas do BPI, a empresária angolana Isabel dos Santos e os espanhóis do Caixabank. Os títulos do BPI continuaram suspensos pela sexta sessão consecutiva, situação que poderá ser alterada esta terça-feira, com o regresso à negociação.

A queda das acções do BCP contribuíram fortemente para o encerramento em terreno negativo do principal índice da bolsa de Lisboa, o PSI 20, que recuou 0,94%.

As acções do BCP chegaram a perder mais de 7%, e a renovar novo mínimo histórico, nos três cêntimos. Foi ainda registada forte liquidez, uma vez que foram transaccionados perto de 382 milhões de euros, quando a média diária se fica perto dos 25 milhões de euros.

A queda desta segunda-feira é explicada pela menor expectativa de que a empresária Isabel dos Santos possa entrar directamente no capital do BCP. Essa possibilidade esteve a alavancar as acções do banco nas últimas semanas. Só nas últimas cinco sessões, e ajudado também pela possibilidade de criação de um banco “mau”, o título acumulou um ganho de 13,33%.

Até este fim-de-semana, os investidores acreditavam que Isabel dos Santos venderia a participação no BPI, e canalizaria o produto da venda para o BCP, através de um aumento de capital. Essa expectativa foi reforçada com a proposta da administração de levar à assembleia geral a possibilidade dos accionistas prescindam do direito de preferência em aumentos de capital até 20% da capitalização bolsista da instituição. Esta proposta abre a porta à entrada de novos accionistas, e com o reforço de capital o banco poderia permitir o reembolso da ajuda estatal, os chamados "CoCos", que têm custos elevados, prejudicando os resultados do banco.

Até agora, não é certo que a empresária não possa sair do BPI, vendendo na Oferta Pública de Aquisição (OPA) de acções lançada pelo Caixabank, mas tornará o processo garantidamente mais demorado, até porque está condicionada à desblindagem de estatutos.

As notícias relativas à não atribuição da idoneidade a Isabel dos Santos, por parte do Banco de Portugal, também criam dúvidas sobre se a decisão do supervisor se aplica apenas ao Banco BIC, onde é maior accionista, ou se pode prejudicar outros investimentos no sector financeiro.

A alteração das regras da blindagem de estatutos, proposta pelo Governo e já promulgada pelo Presidente da República, deveria ter contribuído para valorizar as acções do BCP, uma vez que facilitam o aparecimento de OPA. A contrabalançar negativamente a vantagem das OPA se tornarem mais fáceis está o baixo valor das acções das cotadas, que mesmo com uma OPA não permitiria a recuperação do valor investido. O preço oferecido pelo Caixabank é um desses exemplos.

Os espanhóis propõem-se em pagar 1,113 euros por cada acção que não controlam do BPI, e justificam o preço como sendo a média da cotação do banco nos últimos seis meses. No entanto, este valor é 6,5% abaixo da última cotação de fecho do BPI, de 1,191 euros.

A contrapartida também fica 16% aquém dos 1,329 euros a que o Caixabank avaliou cada acção do BPI em Fevereiro de 2015, naquela que foi a primeira OPA lançada pelo grupo catalão sobre o banco nacional.