Depois do World Press Photo, Mário Cruz ganha o Estação Imagem
Reportagem sobre a escravatura em escolas corânicas do Senegal valeu ao jovem fotógrafo o maior prémio de fotojornalismo português
A reportagem Talibés, Escravos dos Tempos Modernos valeu ao fotojornalista português Mário Cruz o seu segundo grande prémio em dois meses. Depois de vencer na Categoria Assuntos Contemporâneos do World Press Photo, o trabalho que testemunha o tráfico e a exploração infantil de crianças e adolescentes que vivem em escolas corânicas do Senegal acaba de ser anunciado, neste sábado ao final da manhã, em Viana do Castelo, como o grande vencedor do Prémio Estação Imagem.
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A reportagem Talibés, Escravos dos Tempos Modernos valeu ao fotojornalista português Mário Cruz o seu segundo grande prémio em dois meses. Depois de vencer na Categoria Assuntos Contemporâneos do World Press Photo, o trabalho que testemunha o tráfico e a exploração infantil de crianças e adolescentes que vivem em escolas corânicas do Senegal acaba de ser anunciado, neste sábado ao final da manhã, em Viana do Castelo, como o grande vencedor do Prémio Estação Imagem.
Depois de no ano passo ter entregue o grande prémio a um testemunho sobre os anos da Troika em Portugal, de Bruno Simões Castanheira, o júri internacional do Estação Imagem Viana 2016, presidido por Aidan Sullivan, vice-presidente da Getty Images e presidente do júri do World Press Photo 2012 premiou, nas diversas categorias em competição, vários trabalhos em que o olhar dos fotojornalistas se deteve sobre o outro, ou os outros da sociedade em que vivemos, com essa reportagem tremenda de Mário Cruz à cabeça. O Mapa dos Refugiados, retrato de uma ilha grega, Lesbos, que não nos sai das notícias, valeu ao galego Gabriel Tizón o prémio da Foto do ano, que foi atribuído pela primeira vez nesta que é a sétima edição do concurso. Duas reportagens sobre a política nacional, Debaixo dos Holofotes, de Bruno Colaço, e José Sócrates, de Nuno Pinto Fernandes, conseguiram, nesta categoria, uma menção honrosa.
Tizón sai de Viana com mais dois prémios: ganhou na categoria Desporto, por Futebol sem Comércio, uma reportagem feita na Guiné-Bissau e no Senegal, sobre o futebol como linguagem universal de comunicação entre jovens, e teve uma menção honrosa em Vida Quotidiana, por outro trabalho feito na capital senegaleza, O Ritmo de Bafatá. Duplamente premiado foi também Leonel de Castro. Douro Leste, sobre os migrantes de vários países de Leste que passam o fim do Verão nas vindimas do Douro, valeram-lhe o Prémio Noroeste Peninsular que tinha este ano como tema A Vinha e o Vinho. E o fotojornalista da Global Imagens venceu também na categoria Artes e Espectáculo, com o trabalho Lab in Dança, sobre um projecto de inclusão de pessoas com deficiência - os outros, entre nós - levado a cabo em Santa Maria da Feira.
Bolsa para Bruno Simões Castanheira
O júri que inclui ainda João Silva, fotojornalista do The New York Times, Cheryl Newman, directora de fotografia do Telegraph Magazine; e Laurent Rebours, chefe de fotografia da agência Associated Press em Paris, atribuiu ao freelancer Nuno Fox o prémio em Assuntos Contemporâneos por Duas Vidas Numa Só, retratos de Vitória e Paulo, uma pessoa, duas identidades. José Carlos Carvalho, teve uma menção honrosa nesta categoria, pelo trabalho Aqui morreu uma mulher, sobre a realidade, bem presente na sociedade portuguesa, da violência doméstica.
O mesmo José carvalho ganhou o prémio Estação Imagem na categoria Notícias, com Quem Ri Por último Ri Melhor, sobre a surpreendente corrente de esquerda que, no Parlamento, suplantou uma direita que tinha ganho as eleições. Já Gonçalo Delgado, da Global Imagens, venceu em Vida Quotidiana, com a reportagem O Inverno é Uma Casa às Costas, sobre os habitantes de Castro Laboreiro que ainda mantêm o hábito de mudarem de aldeia, das Brandas, ou Verandas, para as Inverneiras, consoante a estação do ano, acompanhando o gado.
Na categoria Ambiente, Vlad Sokhin (Rússia/Portugal) foi o vencedor, com Águas Quentes/Warm waters, testemunho dos efeitos do aquecimento global na Oceania. E o galego Pedro Armestre (France Press) leva para casa uma menção honrosa pelo acompanhamento, em Dentro do Lume, do trabalho das brigadas florestais na prevenção dos fogos, em Espanha. Numa última categoria, Série de Retratos, o prémio foi atribuído ao freelancer Bruno Colaço, que, em Duas famílias; de Chernobyl para Portugal, retratou crianças daquela cidade ucraniana que passaram férias em Portugal ao Abrigo do projecto Verão Azul.
Como acontece todos os anos, o júri do Prémio Estação Imagem atribui ainda uma bolsa de dez mil euros para a realização, ao longo dos próximos doze meses, de um projecto fotográfico centrado num tema da região. E o escolhido foi, desta vez, o vencedor do Grande Prémio das edições de 2013 e de 2015, o freelancer Bruno Simões Castanheira, que vai trabalhar sobre os Lugares de Silêncio - Aldeias e Sítios do Parque Nacional Peneda-Gerês, na perspectiva da produção de um catálogo e de uma exposição para a edição de 2017.
Este sábado à tarde, pelas 15h30, é inaugurada, nos antigos paços do concelho de Viana, a exposição Filigrana - A Tradição Ainda É o Que Era resultante da bolsa atribuída em 2015 a António Pedro Santos. Segue-se, às 16h30, uma conferência do fotojornalista João Silva, do diário americano The New York Times, que mostrará algum do seu trabalho. Outro fotojornalista reconhecido, Christopher Morris, que tem no Museu de Artes Decorativas a exposição sobre o seu projecto Americanos dá uma conferência no domingo, às 11h30. O programa do Prémio Estação Imagem, que se tornou num verdadeiro festival, ao longo de cinco dias, inclui documentários e exibição de diaporamas sobre fotojornalismo internacional.