O nojo do bel-prazer
Os andorinhões só confirmam a nossa traidora e imerecida sorte.
Temos de ser menos presentes. Temos de ocupar menos espaço. Temos de deixar de interferir. Temos de desocupar, arrependida e culposamente, o lugar no centro do mundo e da vida que ocupámos para podermos destruir tudo a nosso bel-prazer.
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Temos de ser menos presentes. Temos de ocupar menos espaço. Temos de deixar de interferir. Temos de desocupar, arrependida e culposamente, o lugar no centro do mundo e da vida que ocupámos para podermos destruir tudo a nosso bel-prazer.
Os telhados são cada vez mais inóspitos para os andorinhões. Não parece que queremos matá-los: queremos matá-los. Só para termos um telhado mais barato. Não sabemos comparar os milagres enormes com as poupanças de cêntimos apenas.Choro quando penso nos muitos animais que conseguiram conviver connosco e com as nossas construções, sem nada pedirem de nós excepto uma preguiçosa continuação. Tratamos mal todos os animais, dependendo ou não de nós. Os andorinhões só confirmam a nossa traidora e imerecida sorte.