Brasília preparada para as manifestações com muro e destacamento policial maior que o da Copa
Centenas de milhares de pessoas são esperadas nas ruas da capital e de outras grandes cidades do país.
No próximo domingo, enquanto o plenário da Câmara dos Deputados estiver a decidir a continuidade ou não do processo de impeachment (destituição) da Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, são esperadas centenas de milhares de manifestantes nas ruas de Brasília. Para evitar confrontos, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal decidiu construir um muro metálico de dois metros e aumentar substancialmente a segurança policial.
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No próximo domingo, enquanto o plenário da Câmara dos Deputados estiver a decidir a continuidade ou não do processo de impeachment (destituição) da Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, são esperadas centenas de milhares de manifestantes nas ruas de Brasília. Para evitar confrontos, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal decidiu construir um muro metálico de dois metros e aumentar substancialmente a segurança policial.
Pelo menos três mil policias militares vão patrulhar as ruas de Brasilia no próximo domingo, naquela que será a maior mobilização policial de que há memória no país, ultrapassando o destacamento utilizado na Copa do Mundo de 2014. Trezentos homens de unidades especializadas, 500 bombeiros e 50 agentes de trânsito também estarão no local.
“No total, teremos mais de dez mil homens prontos agir, caso haja necessidade”, informou o tenente-coronel António Carlos Freitas, chefe da comunicação social da polícia militar, citado pelo UOL.
Para além desta mobilização policial sem precedentes, a Esplanada dos Ministérios, para onde estão previstas as manifestações, estará dividida por um muro: do lado esquerdo ficarão os manifestantes que se opõem ao impeachment, enquanto os apoiantes ficarão do lado direito. O objectivo é que os dois lados da manifestação não se cruzem. “O esquema de policiamento está a ser montado para evitar que membros desses dois grupos se encontrem no caminho ou no próprio local onde haverá a manifestação”, justificou o tenente-coronel.
Esta barreira metálica de dois metros de altura impedirá que os dois lados se vejam, e terá um corredor com um quilómetro de comprimento e 40 metros de largura, exclusivo para as forças de segurança. No final da votação, o grupo de manifestantes do lado que perder a votação na Câmara dos Deputados será dispersado, de forma a evitar confrontos.
A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal diz que a construção do muro é uma medida fundamental para garantir a segurança e a integridade dos manifestantes, uma vez que seriam de esperar confrontos entre os dois lados. “O planeamento foi feito para dois eventos de massa simultâneos”, afirmou fonte da Secretaria citada pela Folha de São Paulo.
Contudo, o “muro da vergonha”, como foi baptizado por vários deputados, está longe de ser consensual, e tem recebido imensas críticas, quer por parte do Governo federal, quer por parte dos manifestantes, que duvidam da eficácia da medida e alertam para os riscos de segurança.
A Secretaria de Segurança impôs ainda várias regras. Os manifestantes serão revistados pela polícia militar, e objectos cortantes ou máscaras estão proibidos. Contrariamente ao que estava previsto, os famosos “Pixulecos” – bonecos que representam o ex-Presidente Lula da Silva e Dilma vestidos de presidiários – foram autorizados pelo governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg.
Os manifestantes não poderão descer até à praça dos Três Poderes, onde fica localizado o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal, uma vez que esta área estará encerrada. Os acampamentos no local também serão proibidos, apesar de vários manifestantes estarem acampados na capital federal brasileira desde o início da semana.
Para além de Brasília, deverão ocorrer mais manifestações pelo país. Em São Paulo, estão previstas manifestações na Avenida Paulista, e o edifício do Museu de Arte de São Paulo deverá ser o ponto de divisão entre os dois grupos. Inicalmente, estava previsto que apenas os manifestantes pró-impeachment ocupassem a Paulista, mas, perante a intenção dos apoiantes de Dilma em participarem nas manifestações, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo teve que repensar as medidas de segurança, de forma a evitar confrontos.
Neste ambiente de divisão, simbolizado na perfeição pelo muro metálico erguido na Esplanada dos Ministérios, decide-se o futuro do Brasil. No domingo, caso 342 dos 513 deputados do Congresso votem a favor do impeachment, o processo sobe ao Senado, onde uma nova comissão avaliará a denúncia contra Dilma, o que implica que a actual Presidente fique afastada do cargo pelo menos durante 180 dias, até que o Presidente do Supremo Tribunal Federal tome a sua decisão.
Texto editado por Ana Gomes Ferreira