Parlamento quer ouvir novamente governador do Banco de Portugal sobre o Banif

Ao mesmo tempo que pedia ao Governo que garantisse a viabilidade do Banif, o governador do BdP sugeriu ao BCE que limitasse o acesso do banco a liquidez.

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Os representantes de várias bancadas parlamentares assumiram, esta manhã, que querem voltar a ouvir o governador do Banco de Portugal (BdP) na comissão parlamentar de inquérito ao caso Banif. O primeiro foi o PCP, pela voz do deputado Miguel Tiago, em declarações à TSF. Seguiu-se João Galamba, do PS, e Mariana Mortágua, do BE. Mas agora, António Filipe (PCP) e João Almeida (CDS) também agendaram declarações à imprensa, sobre o mesmo assunto, para depois do plenário que ainda decorre. João Almeida já adiantou que o CDS quer voltar a ouvir "com carácter de urgência" Carlos Costa, Vítor Constâncio e Mário Centeno.

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Os representantes de várias bancadas parlamentares assumiram, esta manhã, que querem voltar a ouvir o governador do Banco de Portugal (BdP) na comissão parlamentar de inquérito ao caso Banif. O primeiro foi o PCP, pela voz do deputado Miguel Tiago, em declarações à TSF. Seguiu-se João Galamba, do PS, e Mariana Mortágua, do BE. Mas agora, António Filipe (PCP) e João Almeida (CDS) também agendaram declarações à imprensa, sobre o mesmo assunto, para depois do plenário que ainda decorre. João Almeida já adiantou que o CDS quer voltar a ouvir "com carácter de urgência" Carlos Costa, Vítor Constâncio e Mário Centeno.

Tal como o PÚBLICO noticiou, numa reunião do conselho de governadores do BCE, Carlos Costa propôs que o banco central limitasse o acesso do Banif a operações reversíveis de cedência de liquidez do euro-sistema, por razões de prudência. Esta decisão não foi comunicada ao Governo, o que levou o secretário de Estado Adjunto e das Finanças, Ricardo Mourinho Félix, a acusar o governador do Banco de Portugal de ter cometido "uma falha de informação grave”.

O governante quer, por isso, explicações de Carlos Costa. “Espero que o Banco de Portugal tenha uma justificação para esta proposta tanto mais que, simultaneamente, me pedia nessa altura para encontrar forma de suprir as necessidades de liquidez do Banif, agravadas em consequência desta decisão”, disse Mourinho Félix ao PÚBLICO.

Também João Galamba considera que poderá haver uma aparente contradição nas palavras do governador do Banco de Portugal, que quer ver esclarecida. "Penso que é do próprio interesse do governador que ele venha esclarecer o quanto antes o que se passou", disse o deputado do PS à TSF.

O Bloco de Esquerda, por seu turno, enviou um pedido de esclarecimento extraordinário ao governador do BdP, confirmou Mariana Mortágua. "É inevitável que venha de novo". No entanto, a deputada entende que o responsável do regulador bancário deverá voltar à comissão perto do final, "para ser confrontado" com as conclusões que entretanto se possam vir a tirar.

Carlos Costa, que esteve na comissão de inquérito na semana passada e, ao longo de quase seis horas de audição, recusou assumir qualquer erro na gestão do processo Banif deverá agora ter de voltar ao Parlamento para justificar a proposta apresentada ao BCE.

Na audição parlamentar de dia 5, o supervisor distribuiu culpas pelas autoridades europeias (BCE e Comissão Europeia), dizendo que ora bloquearam, ora demonstraram “má vontade” para encontrar uma solução alternativa para o banco e pela gestão do banco, liderada por Jorge Tomé: “Ao fim de três anos não foram capazes de aprovar um plano de reestruturação”.

O que quis deixar claro foi que “o Banco de Portugal aconselha, não decide nem impõe”. Ainda assim, reconheceu que o governador não tem presentes algumas “questões de detalhe” relacionadas com o processo.