Relação entre ministro e secretário de Estado prenunciava demissão
Equipa de João Wengorovius Meneses sentia-se sem espaço dentro do Ministério, Brandão Rodrigues não percebia critério para escolhas de colaboradores.
A má relação entre o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Wengorovius Meneses, e o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, não era uma novidade nos corredores dos Governo. Os atritos entre os dois governantes estavam relacionados com a gestão das aparições públicas, mas também com os critérios que levaram Meneses a fazer algumas escolhas para lugares-chave das áreas que tutelava.
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A má relação entre o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Wengorovius Meneses, e o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, não era uma novidade nos corredores dos Governo. Os atritos entre os dois governantes estavam relacionados com a gestão das aparições públicas, mas também com os critérios que levaram Meneses a fazer algumas escolhas para lugares-chave das áreas que tutelava.
A inclusão da secretaria de Estado da Juventude e do Desporto no Ministério da Educação foi uma das novidades do organograma do Governo liderado por António Costa. Wengorovius Meneses, que tinha trabalhado com o primeiro-ministro quando este era presidente da Câmara de Lisboa, nunca encontrou o seu espaço na estrutura da 5 de Outubro. Os atritos com o ministro e com os outros secretários de Estado vinham de trás, soube o PÚBLICO. João Meneses terá sido, por várias vezes, apanhado de surpresa com compromissos públicos de agenda com os quais não contava.
Na nota em que anunciou a sua saída do Executivo, Meneses não escondeu a má relação com Tiago Brandão Rodrigues, afirmando o “profundo desacordo com o senhor ministro da Educação”. Uma má relação que começou cedo e que prenunciava a demissão que se concretizou esta semana. A notícia não desagradou a vários sectores do Governo, que criticavam a ausência de rumo e a falta de resultados para apresentar do titular da Juventude e Desporto e que vêem na escolha do sucessor João Paulo Rebelo, um socialista que há muito está ao lado de Costa, uma oportunidade para recentrar a actuação nos compromissos do programa do Governo em matérias de Juventude e Desporto.
Ao contrário do ministro da Educação, que em poucos meses fez várias mudanças políticas, incluindo a polémica em torno dos exames nacionais, Wengorovius Meneses tinha ainda mexido pouco nos principais dossiers que tinha entre mãos, inclusive nas chefias do organismo por si tutelado. Várias fontes confirmam, de resto, que um dos motivos de atrito entre o secretário de Estado e Tiago Brandão Rodrigues eram os seus critérios para a escolha de pessoas para cargos-chave.
O secretário de Estado tinha optado por manter no cargo homens indicados pelo anterior Governo, apesar de alguns destes terem colocado o seu lugar à disposição no início do mandato. O agastamento na 5 de Outubro com os critérios de Meneses prendia-se também com as escolhas para o seu próprio gabinete. O adjunto do secretário de Estado, José Cordovil, durou poucas semanas no cargo. Este antigo vice-presidente do Instituto do Desporto de Portugal, que também foi professor assistente na Faculdade de Motricidade Humana em Lisboa, foi nomeado no final do ano passado e abandonou as funções a 12 de Fevereiro.
João Wengorovius Meneses quase não chegou a aquecer o lugar. Hugo Carvalho, presidente do Conselho Nacional de Juventude, entende, por isso, que os quatro meses de convivência com o secretário de Estado não foram suficientes para fazer uma avaliação do trabalho que estava a ser feito. Ainda assim, o dirigente diz “não ter nada” a apontar ao ex-governante: “Foi sempre dialogante connosco e só nos resta esperar que o sucessor possa fazer o mesmo”. O presidente da Federação Académica de Desporto Universitário (FADU) elogia também a “postura cooperante” de Meneses, com quem houve “diálogo frequente” e apoio em vários objectivos da Federação para os próximos anos, em particular a organização dos Jogos Europeus Universitários de 2018, em Coimbra. “Não houve vitória política visível para o desporto universitário, mas também não houve tempo para isso”, acrescenta.