Candidatas à presidência das Mulheres Socialistas querem voz mais interventiva
Elza Pais e Sónia Sanfona, duas socialistas que conhecem bem os corredores do Parlamento, querem fazer da paridade uma das principais bandeiras do mandato.
A deputada, Elza Pais e a ex-deputada Sónia Sanfona vão disputar a presidência do Departamento Nacional das Mulheres Socialistas (DNMS), uma estrutura autónoma do PS, que irá a votos em Maio, na mesma altura em que os militantes escolhem o secretário-geral do partido.
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A deputada, Elza Pais e a ex-deputada Sónia Sanfona vão disputar a presidência do Departamento Nacional das Mulheres Socialistas (DNMS), uma estrutura autónoma do PS, que irá a votos em Maio, na mesma altura em que os militantes escolhem o secretário-geral do partido.
Ambas são adeptas da Lei da Paridade, aprovada em 2006, por iniciativa do grupo parlamentar do PS e ambas mostram-se empenhadas em fazer do departamento das mulheres uma estrutura moderna e em adoptar uma Agenda Nova para a Igualdade.
“A paridade não prejudica ninguém, pelo contrário, beneficia todos. Sou adepta desta lei e o ideal é termos a paridade absoluta (50%) ”, declara Elza Pais, reconhecendo que essa meta está ainda longe de ser atingida. A este propósito, cita o “Conselho da Europa, que recomenda aos Estados-membros que a paridade deveria estar na linha dos 40%”.
Elza Pais, que apresenta a sua candidatura na próxima quinta-feira, vai fazer campanha pelo país a divulgar as suas ideias para o departamento das mulheres socialistas para “denunciar as discriminações no trabalho e as desigualdades salariais e apresentar propostas que as possam combater”. “Candidato-me com sentido de responsabilidade, compromisso político e cívico para envolver mulheres e homens na afirmação dos Direitos Humanos e na defesa dos princípios da Igualdade e não discriminação”, justifica.
A deputada eleita pelo circulo de Coimbra quer unir “todas as mulheres e homens socialistas" em torno de um "projecto de mudança", que lhes permita "combater e denunciar as desigualdades estruturais que persistem e foram agravadas pelas medidas de austeridade", que recentemente lhes impuseram. Apostada em denunciar “de forma intransigente todo o tipo de discriminação em função do género, da orientação sexual ou de outra qualquer característica pessoal que comprometa a inclusão e o respeito pelos direitos individuais e sociais”, a candidata ao DNMS quer também “promover a transversalidade de género em todos os domínios de acção política no sentido de tornar real a igualdade”.
Sónia Sanfona só decidiu aceitar o desafio de se candidatar depois de ter a certeza de que o seu projecto tinha sido bem acolhido junto de muitas mulheres. “Não quis, nem quero, impor-me. Quis sentir que já havia adesão às minhas ideias mais emblemáticas e como senti essa adesão decidi avançar”, afirma em declarações ao PÚBLICO.
Ainda a trabalhar na sua moção, Sónia Sanfona, que é directora de uma associação de empresas em Lisboa, quer fazer um documento “o mais abrangente possível, uma vez que a mulher se insere hoje em todos os sectores da sociedade. Hoje, a mulher é transversal na sua actividade pessoal e pública”.
Segundo a ex-deputada, “está na altura do Departamento das Mulheres Socialistas dar um salto para outras situações e novos desafios que se colocam às sociedades”. “Gostava que o Departamento das Mulheres Socialistas saísse do Largo do Rato e passasse a utilizar mais os departamentos federativos, de maneira a estar mais próximo das mulheres e que não se limite a reunir os seus órgãos”, diz, salvaguardando que as suas palavras são em sentido figurativo. A ex-governadora civil de Santarém, reclama um “papel mais interventivo” para o departamento a que se candidata. Defende que o DNMS não pode “limitar-se a denunciar ou a criticar situações que considera erradas”. “Temos obrigação enquanto mulheres de política e na política de apresentarmos propostas concretas quando se trata de situações que têm a ver com maus tratos a menores, violência doméstica, desigualdade salarial entre homens e mulheres”, descreve.