Retrato de um jogador em Portugal

Nomes como Manic Miner, Kick Off, Paradise Café, Elifoot, Dizzy fizeram parte do seu léxico. Na televisão, vê o Paulo Dimas, durante o programa Ponto por Ponto

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Começou a jogar nos anos 80, provavelmente teve um Spectrum ou um Amiga. Se fosse mesmo audaz, talvez um Philips Videopac, um Atari ST ou, em casos mais raros, um MSX. Comprava jogos nas feiras, nas lojas, junto dos colegas, mas raramente seriam oficiais. A pirataria era suprema e considerada normal. Nomes como Manic Miner, Kick Off, Paradise Café, Elifoot, Dizzy fizeram parte do seu léxico. Na televisão, vê o Paulo Dimas, durante o programa Ponto por Ponto.

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Começou a jogar nos anos 80, provavelmente teve um Spectrum ou um Amiga. Se fosse mesmo audaz, talvez um Philips Videopac, um Atari ST ou, em casos mais raros, um MSX. Comprava jogos nas feiras, nas lojas, junto dos colegas, mas raramente seriam oficiais. A pirataria era suprema e considerada normal. Nomes como Manic Miner, Kick Off, Paradise Café, Elifoot, Dizzy fizeram parte do seu léxico. Na televisão, vê o Paulo Dimas, durante o programa Ponto por Ponto.

Nos anos 90, foram introduzidas em massa as consolas no nosso país, por isso, ele teve acesso a uma Mega Drive ou a um Game Boy. Fosse seu, de um vizinho, de um colega ou de um amigo. Novamente, caso fosse audaz, tinha uma Super Nintendo ou uma Game Gear. E nesse caso, sofria para encontrar alguém com quem trocar jogos. Nomes como Sonic, Mortal Kombat, Street Fighter, SWOS, Tetris, Doom, FIFA, dão entrada no seu dicionário.

Na segunda metade da década, chega o reinado da PlayStation. Mas ele desconfia. E prefere comprar uma Sega Saturn ou uma N64. Eventualmente compra uma PlayStation. Em pouco tempo, instala-lhe um "chip" para correr jogos piratas. Nas portáteis, teve acesso a um Game Boy Pocket ou um Game Boy Color. Lê muitas revistas sobre videojogos, como a Mega Score, a BGamer, a Super Jogos, a Player... Em casa também existe um PC, normalmente um 486, e depois um Pentium. Qualquer um destes foi comprado "por causa da escola". Razão mais que suficiente para que o computador tenha uma drive de CD-ROM, uma placa de som e mais tarde uma placa gráfica S3 ViRGE (ou 3dfx Voodoo). Fez cópias de quase tudo e começou a usar a Internet, passeando muitas vezes no mIRC. Jogou Quake, Age of Empires, Command and Conquer, Pokémon, Diablo, Final Fantasy VII. Nas arcades Puzzle Bubble e Daytona USA eram alguns dos seus títulos favoritos. Na televisão viu o Templo dos Jogos.

Entrada no novo milénio. O que comprou desta vez? Uma Playstation 2. Quase todo o seu circuito social teve acesso a uma. Uns colegas mais corajosos, tiveram uma Xbox ou então uma Gamecube. Fora de casa, tinha no bolso um Game Boy Advance ou um Nokia N-Gage. Títulos como God of War, GTA III, Buzz, Halo, Half-Life, PES, Snake (num Nokia 3310) foram-lhe certamente familiares. Em sua casa, continua a existir um PC e ouve-se muitas vezes que "o PC, para jogos está morto". Mesmo assim, jogou Counter Strike, The Sims, Warcraft 3, e mais tarde World of Warcraft, até a vida social quase desaparecer.

Teve conta no Hi-5, MSN, e MySpace. Decidiu comprar uma Playstation 3. Muitos dos seus colegas possuem uma Xbox 360, ou a Nintendo Wii. Se calhar, ele próprio até teve uma das duas. Começou também a seguir algumas personalidades na Internet. Há um interesse, embora ainda modesto, por jogos das décadas anteriores. Na Internet, discute muito no Facebook e Twitter.

Década actual. Joga Minecraft e segue vários YouTubers. Começou também a visitar eventos totalmente dedicados aos videojogos, juntamente com dezenas de milhares de pessoas. League of Legends tornou-se num dos seus jogo predilectos. A imprensa escrita é cada vez menor, vê projectos que conhece há mais de 10 anos a fechar (como as revistas Maxiconsolas e Bgamer, o site Game Over, e o programa Insert Coin). Comprou uma Playstation 4 ou uma Nintendo Wii U. Para levar no bolso, existe uma 3DS, e, numa primeira fase, teve uma PS Vita. Quase todos do seu circuito social jogam no telemóvel. Os mais audazes têm uma Xbox One. Existe mais do que um PC em casa. Talvez até mais do que um portátil e pelo menos um tablet. Compra jogos em lojas digitais, em "bundles", e muitas vezes nem vê uma cópia física dos seus títulos favoritos. Existem reboots, remakes, e demakes inspirados nos jogos clássicos de outras décadas. Discute muito, se FIFA é melhor que PES, 30fps vs 60fps, qual o melhor MOBA, quem é o melhor YouTuber, PC vs consolas, se os jogos são politicamente correctos... Tudo discussões com pessoas que nunca viu na sua vida.

Em 2016, fala sobre a nova consola da Nintendo, os óculos de VR, o 4K, o Hololens, e que as "consolas vão morrer". Tudo isto, no conforto do seu smartphone.