O Colégio Militar e a “sã“ convivência homossexual
Como professor, só posso exercer no profundo respeito pela diversidade, seja essa ao nível do sexo, raça, credo ou preferência sexual
Parece que lá para os lados do Colégio Militar não gostam de alunos homossexuais. Segundo rezam as crónicas, quando apanham um, excluem-no, mas não expulsam. Lamento imenso, mas não consigo compreender a diferença. Ou serão antes os militares quem não consegue ver, e conviver, com a diferença? Como professor, só posso exercer no profundo respeito pela diversidade, seja essa ao nível do sexo, raça, credo ou preferência sexual. Porquê? Porque a sociedade evoluiu, porque nos queremos aceitar a todos como iguais, porque respeitamos os nossos diferendos e tudo quanto se passa na esfera íntima, sem juízos de valor, sem ideias preconcebidas. E como professor no Colégio Militar terei, supostamente, de cumprir os mesmos preceitos. A Direcção do Colégio Militar, no entanto, parece pensar de forma diferente, mas se eu falhar nos meus deveres, adivinhem lá quem vai para o olho da rua? Exactamente.
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Parece que lá para os lados do Colégio Militar não gostam de alunos homossexuais. Segundo rezam as crónicas, quando apanham um, excluem-no, mas não expulsam. Lamento imenso, mas não consigo compreender a diferença. Ou serão antes os militares quem não consegue ver, e conviver, com a diferença? Como professor, só posso exercer no profundo respeito pela diversidade, seja essa ao nível do sexo, raça, credo ou preferência sexual. Porquê? Porque a sociedade evoluiu, porque nos queremos aceitar a todos como iguais, porque respeitamos os nossos diferendos e tudo quanto se passa na esfera íntima, sem juízos de valor, sem ideias preconcebidas. E como professor no Colégio Militar terei, supostamente, de cumprir os mesmos preceitos. A Direcção do Colégio Militar, no entanto, parece pensar de forma diferente, mas se eu falhar nos meus deveres, adivinhem lá quem vai para o olho da rua? Exactamente.
Por tal, foi com muita admiração e agradável surpresa ter tomado conhecimento, na semana passada, do pedido de demissão por parte do General Carlos Jerónimo, agora ex-Chefe de Estado Maior do Exército, no seguimento das declarações do subdirector do Colégio Militar, o Tenente-Coronel António Grilo, sobre os alunos homossexuais e a “perda de convivência interna“ diante dos seus pares, os alunos heterossexuais do Colégio.
Mas então será que o mundo, num repente, abriu a boca e, numa grande golfada de ar, encheu os pulmões, a cabeça e os membros de uma lufada de bom senso? Primeiro é o outro que se demite depois de querer dar umas valentes bofetadas (e porque não o clássico açoite de chinelo com o rabo ao léu diante dos colegas), e agora isto?
Infelizmente, não. Porque Carlos Jerónimo “pode não ter nada contra a maricagem“, mas demitir-se por causa da mesma é que não. Porque, afinal, o Carlos demitiu-se precisamente por não querer demitir o António, que isto entre camaradas de armas e do peito é coisa de homens e a tropa é um assunto sério. Dizem eles ser o Colégio Militar uma instituição onde quem “foge à norma não tem cabimento naquele grupo“, e onde “as trocas de afectos são violadoras do regulamento“. Ora, lá se foi a formação cívica e o cultivar de relações interpessoais tão equilibradas como saudáveis... e por esta altura começo a preocupar-me seriamente com o tipo de adultos que tão ilustre colégio pretende formar... Certo é que, e até mais ver, o Tenente-Coronel António Grilo ainda por lá anda na Direcção do Colégio Militar, para mal de todos quantos não professem a heterossexualidade, essa religião sacrossanta, até porque em situação de guerra, já se sabe, só se é homem ou mulher de acordo com quem se vai para a cama, e isto da homossexualidade “é uma doença terrível, e nem com choques eléctricos a coisa lá vai“. Dependendo da Direcção do Colégio militar, no entanto, receio que uns bons esticões não façam mal a ninguém...