Carlos Tavares não acredita que fonte da notícia da TVI tenha agido com "dolo"
O Presidente da CMVM investigou possível "crime de mercado" a propósito da notícia de 13 de Dezembro sobre o fecho do Banif.
"A notícia da TVI criou-nos a necessidade de averiguar", começou por explicar Carlos Tavares, presidente da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o regulador do mercado bolsista. No entanto, a averiguação não chegou a muitas conclusões, assume o responsável, em resposta às perguntas da deputada Mariana Mortágua (BE), nesta audição da comissão de inquérito ao Banif.
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"A notícia da TVI criou-nos a necessidade de averiguar", começou por explicar Carlos Tavares, presidente da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o regulador do mercado bolsista. No entanto, a averiguação não chegou a muitas conclusões, assume o responsável, em resposta às perguntas da deputada Mariana Mortágua (BE), nesta audição da comissão de inquérito ao Banif.
Carlos Tavares levou mesmo um gráfico que mostra a evolução da notícia da TVI, na noite de domingo, 13 de Dezembro, uma semana antes da resolução do banco. A primeira versão, às 22h18, dava conta do possível fecho do banco, que iria atingir os depositantes. Em menos de 45 minutos, a notícia foi corrigida e, às 23h06, já não justificava o pânico que muitos responsáveis lhe atribuem. Nomeadamente com a saída de cerca de mil milhões de euros em depósitos, nos dias seguintes.
A CMVM pretendia saber "se estávamos perante um caso de transmissão de informação falsa", o que configurava uma "manipulação ruidosa de mercado". Ou se, pelo contrário, "houve transmissão de informação privilegiada", caso em que se tratava, na mesma, de "um crime de mercado".
A conclusão de Tavares é clara: "A notícia era obviamente falsa." Mas o que impede a CMVM de prosseguir a investigação ao "crime" é a resposta à pergunta para a qual Tavares diz não ter resposta: "Quem provocou?" Ou seja, quem disse à TVI que o banco ia fechar, daquela forma?
"Quem é que poderia ter interesse?" Isto pergunta Mariana Mortágua. "Custa-me a acreditar que alguém ponha uma notícia para pôr em causa a sobrevivência de um banco", responde Tavares.
Para a CMVM não parece credível a hipótese de ter sido um "concorrente" do Banif, ou um possível "comprador". "Desencadear uma corrida aos depósitos sabe-se como começa mas não se sabe como acaba", afirmou Carlos Tavares, para afastar a hipótese de ter havido uma "manipulação de mercado" com origem noutro banco. "Acredito mais numa situação de negligência do que numa situação de dolo", resumiu.
Até porque, do ponto de vista da bolsa, o Banif não era um título apetecível, ou rentável. "O ganho ou a perda era quase irrelevante, as acções estavam próximas do zero", explicou. Por isso, a CMVM não interveio no dia seguinte. "Não interrompemos a negociação para não causar mais alarme", justificou Tavares.