Ministro da Defesa acusado de “desconsideração” pelas Forças Armadas
Azeredo Lopes está no centro das críticas da Associação de Oficiais das Forças Armadas.
O caso do Colégio Militar, que levou à demissão do Chefe do Estado-Maior do Exército, Carlos Jerónimo, na passada quinta-feira, ainda mexe. Agora, é a Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA) que vem lamentar o comportamento do Ministro da Defesa, José Azeredo Lopes, ao ter demonstrado uma atitude que desconsidera as chefias militares.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O caso do Colégio Militar, que levou à demissão do Chefe do Estado-Maior do Exército, Carlos Jerónimo, na passada quinta-feira, ainda mexe. Agora, é a Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA) que vem lamentar o comportamento do Ministro da Defesa, José Azeredo Lopes, ao ter demonstrado uma atitude que desconsidera as chefias militares.
O presidente da AOFA, coronel Manuel Pereira Cracel, criticou em comunicado a forma como o ministro da Defesa geriu o impacto das declarações do subdirector do Colégio Militar, o Tenente Coronel António José Grilo, que admitiu que os alunos homossexuais são excluídos.
“É lamentável que o MDN não tivesse conseguido avaliar, previamente, o enquadramento e a contextualização da situação, e não privilegiasse a respectiva análise com as Chefias Militares competentes através dos canais próprios existentes para o efeito”, lê-se no comunicado. O presidente da AOFA considera que “ao invés”, o ministro “optou por uma atitude que se traduziu na desconsideração pública das Forças Armadas em geral, e do Exército, em particular, pela forma e pelo modo como se referiu aos factos”.
Na sequência das declarações do subdirector do Colégio Militar, o Tenente Coronel António José Grilo, o ministro fez saber que pediu explicações ao chefe de Estado Maior do Exército e considerou “absolutamente inaceitável qualquer situação de discriminação, seja por questões de orientação sexual ou quaisquer outras, conforme determinam a Constituição e a Lei”.
Para a associação de oficiais, a decisão do general Carlos Jerónimo “deve ser credora do maior respeito e da mais profunda admiração por parte dos militares”. Pereira Cracel considera mesmo que a demissão “devia servir de exemplo a todos os que detêm responsabilidades na direcção política e na cadeia de comando das Forças Armadas”.
As declarações do subdirector do Colégio Militar foram feitas ao jornal Observador, no âmbito de uma reportagem. “Nas situações de afectos [homossexuais], obviamente não podemos fazer transferência de escola. Falamos com o encarregado de educação para que percebam que o filho acabou de perder espaço de convivência interna e a partir daí vai ter grandes dificuldades de relacionamento com os pares. Porque é o que se verifica. São excluídos”, afirmou então o Tenente Coronel.
A Associação de Oficiais qualificou o episódio como “infeliz” em que o sentido das declarações do subdirector do Colégio Militar “não foi aquele que manipuladoramente lhe foi atribuído”.
Não foi a única crítica à forma como o ministro geriu este processo. O coronel Carlos Matos Gomes escreveu, na sua página no Facebook, que o ministro, ao pedir a Carlos Jerónimo para demitir o subdirector do Colégio Militar, deu uma ordem "ilegítima" e que constitui crime. Ao mesmo tempo, o Presidente da República, ao aceitar a demissão do Chefe de Estado Maior do Exército por recusar uma ordem "ilegítima", "viola" a Constituição.
O pedido do BE para ouvir a direcção do Colégio Militar no Parlamento, a propósito deste caso, será votado na próxima quinta-feira, na subcomissão de Igualdade.