Vasco Cordeiro: Portugal tem de rever acordo com os Estados Unidos
Presidente do governo açoriano admite ter perdido a esperança num desfecho favorável para as Lajes e, face a atitude norte-americana, insta Lisboa a rever o acordo de cedência da base.
O relatório apresentado em Março pelo Departamento de Defesa do Governo norte-americano ao Congresso, que afasta a hipótese das Lajes receberem o Centro Conjunto de Análise de Informação, marcou o fim das esperanças do governo açoriano quanto a um desfecho positivo para a base.
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O relatório apresentado em Março pelo Departamento de Defesa do Governo norte-americano ao Congresso, que afasta a hipótese das Lajes receberem o Centro Conjunto de Análise de Informação, marcou o fim das esperanças do governo açoriano quanto a um desfecho positivo para a base.
Agora, afirma o líder do executivo regional, Vasco Cordeiro, não resta outra alternativa a Portugal, que não rever o Acordo de Cooperação e Defesa, assinado em 1995 entre o país e os EUA.
“As decisões recentes, pelos Estados Unidos, quanto à política de infraestruturas e de colocação de meios e homens na Europa devem merecer uma ponderação cuidada pelo Estado português do significado e sentido estrutural dessas mesmas decisões pelo nosso aliado, em comparação com outros aliados Europeus”, argumenta o presidente do governo açoriano ao PÚBLICO, lembrando que, face aquilo que a Base das Lajes “representou, representa e continuará a representar”, não pode ser a ilha Terceira e os Açores a assumirem solitariamente as consequências das “decisões de terceiros”,
Vasco Cordeiro aponta “vários exemplos de outras regiões” no país que, enfrentando situações económico-financeiras e sociais da mesma dimensão que esta, “viram serem aplicados programas de apoio” assumidos por Lisboa de dimensão igual ou mesmo superior.
Também no caso norte-americano, observa o líder açoriano, existem paralelos. “O governo Federal, em conjunto com os governos estaduais, desenvolve e financia, de igual modo, processos de apoio à reconversão económica de comunidades severamente dependentes e afectadas por processos de downgrade ou extinção da presença militar em bases ou infraestruturas”, aponta Vasco Cordeiro, lembrando que no caso da Terceira acresce um “importante” passivo ambiental que é necessário remover e tratar.
De positivo, neste processo, só mesmo a forma como as autoridades norte-americanas estão a conduzir a redução de postos de trabalho de portugueses na base, que estão a ser feitos por mútuo acordo. “Esperamos que o processo possa ser concluído, por inteiro, com base nesse princípio.”
Mesmo assim, em resultado do downsizing na base, que a administração dos EUA comunicou, formalmente a Portugal em Novembro de 2012, e que arrancou no ano passado, a taxa de desemprego subiu 15,4% nos Açores e 55% na ilha. Nas contas do executivo açoriano, o processo teve um impacto negativo no PIB da Terceira (-6,1%) e no do arquipélago (-1,4%). Em números redondos, foram menos 45,2 milhões de euros que circularam na pequena economia daquela ilha, que conta com uma população de 55 mil habitantes.