Governo austríaco quer expropriar casa onde Hitler nasceu

Será criada uma comissão para decidir que uso deve ser dado à casa. Pretende evitar-se que o local se torne um ponto de atracção para neo-nazis.

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Há muito que a Áustria se debatia com a questão: o que fazer com a casa? DOMINIC EBENBICHLER/Reuters

O problema dura há anos. Já em 2014 a BBC se referia à casa onde Hitler nasceu como uma dor de cabeça para a Áustria. Agora, segundo notícias entretanto confirmadas pelo Executivo daquele país, o Governo pretende expropriar o edifício e evitar que se torne um local de peregrinação de militantes da ideologia nazi.

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O problema dura há anos. Já em 2014 a BBC se referia à casa onde Hitler nasceu como uma dor de cabeça para a Áustria. Agora, segundo notícias entretanto confirmadas pelo Executivo daquele país, o Governo pretende expropriar o edifício e evitar que se torne um local de peregrinação de militantes da ideologia nazi.

Hitler nasceu a 20 de Abril de 1889 numa casa na pequena cidade de Braunau am Inn. A família só passou três anos nesta localidade – e naquela casa Hitler só esteve mesmo algumas semanas. O Partido Nacional Socialista chegou a comprar o edifício, nos últimos dias de guerra foi ocupada pelos americanos e, em 1952, recuperada pelos proprietários.

A notícia de que o plano do Governo passa pela expropriação foi avançada por dois órgãos de comunicação social – Der Spiegel e o diário austríaco Oberösterreichischen Nachrichten –, confirmada depois por um porta-voz do Governo e entretanto já foi veiculada por vários outros órgãos internacionais, como o El Pais ou a BBC.

A ideia é que a casa passe, então, a ser propriedade do Estado. Neste momento, o que acontece é que o Estado paga, desde 1972, uma renda mensal de 4800 euros à proprietária. As autoridades governamentais e municipais já se queixam das dificuldades em suportar o valor da renda, sobretudo quando, desde 2011, e depois de desentendimentos entre a proprietária e o Governo, a casa está sem qualquer utilização. Já teve, porém, várias ao longo dos anos: já foi uma biblioteca, um banco, um centro para pessoas com deficiência.

Há muito que a Áustria se debatia com a questão: o que fazer com a casa? Como evitar que caia nas mãos erradas, ou seja, que tenha qualquer uso relacionado com o nazismo? Agora, parecem ter encontrado um caminho: a expropriação, a proprietária do edifício receberá uma indemnização. Neste momento está nas mãos do Parlamento aprovar a lei que concretize a expropriação. Em simultâneo, será criada uma comissão para estudar e decidir que uso deve ser dado à casa.

Ao longo dos anos, várias propostas têm sido defendidas para transformar o edifício: criar apartamentos, um centro de educação para adultos, um museu, ou um centro projectado com o intuito de nos confrontar com o passado e a memória nazis. Segundo habitantes locais a casa atrai alguns neonazis.

Em 1989, nos 100 anos do nascimento de Hitler, foi gravada uma inscrição num bloco de pedra oriundo de um campo de concentração na qual se lê: “Pela paz, liberdade e democracia. Nunca mais o fascismo. Em memória de milhões de mortes.”