Advogado arguido na operação Aquiles diz que nunca colaborou com colombianos

Vítor Carreto representava inspector da Polícia Judiciária e militar da GNR. É suspeito de "prestar informações a associação criminosa". Novo suspeito de tráfico de droga foi detido na quinta-feira à noite.

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Daniel Rocha

Vitor Carreto, que era advogado do inspector da Polícia Judiciária Ricardo Macedo e do militar GNR José Silva na operação Aquiles, contestou a decisão que o tornou arguido no processo e pediu à Ordem dos Advogados para se defender a si próprio.

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Vitor Carreto, que era advogado do inspector da Polícia Judiciária Ricardo Macedo e do militar GNR José Silva na operação Aquiles, contestou a decisão que o tornou arguido no processo e pediu à Ordem dos Advogados para se defender a si próprio.

Em comunicado, Vitor Carreto, advogado desde 1980, diz que "nunca colaborou com suspeitos de nacionalidade colombiana" e que o único caso em que interveio como defensor de um cidadão colombiano foi num recurso no Tribunal de Almeirim, em que era arguido Maurício Romero Ramirez, preso no estabelecimento prisional do Linhó, em Sintra - o que terá ocorrido em 2008.

Vítor Carreto salienta que "não tem arguidos de nacionalidade colombiana desde o caso de Almeirim" e não esconde que nos anos 2004-2010 defendeu Franclim Pereira Lobo em dois processos ligado ao narcotráfico no antigo Tribunal da Boa Hora, tendo recebido honorários que "declarou fiscalmente". Constituído arguido na quinta-feira, no início do interrogatório judicial da operação Aquiles, pelo facto de "prestar informações a associação criminosa, colaborando com suspeitos de nacionalidade colombiana", o advogado adiantou que vai pedir autorização e parecer à Ordem dos Advogados para se defender a si próprio neste processo.

Alega ainda que "nunca incorreu em actos ilícitos no relacionamento" com o agora arguido Ricardo Jorge Macedo, revelando que foi seu mandatário num processo-crime em que o inspector da Judiciária é assistente por homicídio do filho Gustavo Macedo, falecido a 7 de Fevereiro de 2012, ao ser colhido por um autocarro com adeptos de futebol polacos.

Quanto ao relacionamento com Franclim Lobo, assegura que há cerca de um ano que não o vê pessoalmente, embora há cerca de 3 ou 4 anos tenha recebido um telefonema deste a perguntar por uma clinica oftalmológica em Barcelona, pois a mulher deste tinha um problema de visão. Na altura - adianta Vítor Carreto -, indicou-lhe uma clinica, tendo o telefonema sido efectuado para o seu telemóvel, que "possui há cerca de 20 anos".

Na exposição dos factos, Vítor Carreto revela que também é portador de problemas de visão desde 2012, pelo que, entre 2012 e 2015, foi forçado a reduzir a actividade profissional, tendo em 2014  deixado de fazer defesas oficiosas. O advogado diz que teve escritório em Lisboa entre 1980 e 1995, tendo-se mudado para Torres Vedras, onde se reformou em Fevereiro.

Entre os 16 detidos na operação Aquiles estão dois elementos da Polícia Judiciária. Ricardo Macedo era inspector-chefe da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes, enquanto o segundo inspector, o coordenador Carlos Dias Santos, já se encontrava reformado.

Carlos Dias Santos esteve 38 anos na PJ e pertenceu à Direcção Central de Investigação de Tráfico de Estupefacientes (DCITE) e à Direcção Central de Combate ao Banditismo. Segundo as autoridades judiciárias, o processo envolve suspeitas de corrupção activa e passiva, tráfico de droga agravado, associação criminosa e branqueamento de capitais. O 16º suspeito foi detido já na quinta-feira à noite em Lisboa, também por indícios de tráfico de droga.