Alguns casos polémicos
Vítor Gaspar
Onze meses depois de se demitir do cargo de ministro das Finanças, onde negociou durante dois anos com o Fundo Monetário Internacional as sucessivas avaliações da troika ao memorando de entendimento, Vítor Gaspar foi nomeado (na sequência da sua candidatura) pela administração do FMI para o cargo de director do departamento de assuntos orçamentais, em Washington.
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Vítor Gaspar
Onze meses depois de se demitir do cargo de ministro das Finanças, onde negociou durante dois anos com o Fundo Monetário Internacional as sucessivas avaliações da troika ao memorando de entendimento, Vítor Gaspar foi nomeado (na sequência da sua candidatura) pela administração do FMI para o cargo de director do departamento de assuntos orçamentais, em Washington.
Sérgio Monteiro
Foi polémica a sua nomeação para o Governo como secretário de Estado das Obras Públicas, Transportes e Comunicações por vir da CaixaBI, onde negociou em nome de consórcios de PPP com o Estado, e depois negociou-as com os concessionários enquanto governante. E voltou a discutir-se a eventual incompatibilidade por logo a seguir a sair do Executivo PSD/CDS ser contratado pelo Fundo de Resolução da banca para se encarregar da venda do Novo Banco.
Manuel Pinho
Depois de fazer o gesto dos corninhos para um deputado do PCP em pleno debate do estado da Nação, em 2009, Manuel Pinho deixou o cargo de ministro da Economia de José Sócrates. Um ano depois, foi convidado para dar aulas numa universidade em Nova Iorque, num seminário sobre energias renováveis – sector que muito impulsionou enquanto governante – patrocinado por uma doação de três milhões de euros da EDP.
Luís Campos e Cunha
Foi ministro das Finanças do primeiro Governo de José Sócrates durante apenas quatro meses, mas ainda não tinham passado dois anos da sua saída do ministério e já estava a entrar para presidente da mesa da Assembleia Geral do Banif, onde já integrava o conselho consultivo. Ao mesmo tempo que pertencia à Comissão de Stakeholders do BCP e geria um fundo de private equity.
Joaquim Ferreira do Amaral
Ministro do Comércio e Turismo, mas também das Obras Públicas, Transportes e Comunicações dos governos de Cavaco Silva, onde foi um dos impulsionadores da filosofia viária de auto-estradas e pontes, acabou por ser presidente da administração da Lusoponte quase uma década depois de deixar as funções governativas – mas renegociou contratos com o Estado que ele próprio fizera como ministro.
Notícia corrigida às 19h59 de 13 de Abril de 2016
Direito de resposta
Começando pelas imprecisões: sugere-se que a circunstância de ter sido Ministro das Finanças teve alguma relação com o facto de ter sido membro do Conselho Consultivo e Presidente da Assembleia Geral do BANIF. Essa relação não existe. Ligava-me a Horácio Roque (e à Família), desde meados dos anos 80, uma saudosa amizade e uma elevada consideração. Fui, por essa razão, membro do primeiro Conselho Consultivo do BANIF logo em 91 ou 92 (muitos anos antes de ser ministro). Fui, muito mais tarde, e cerca de 2 anos depois de ser Ministro, presidente da mesa da Assembleia Geral porque o meu antecessor não podia, por razões legais, ver o seu mandato renovado. Era uma pessoa com perfil académico muito semelhante ao meu. Qualquer dos cargos não eram cargos executivos. Nunca fui nem acionista nem obrigacionista do BANIF. Resulta de tudo isto que não houve qualquer relação entre as minhas funções públicas e os cargos não decisórios que desempenhei naquele Banco.
A peça jornalística, em segundo lugar, afirma peremptoriamente que fui membro do "conselho de acionistas" do Millenium-bcp. É falso e nem sei o que seja tal orgão. Aliás, também não fui acionista nem obrigacionista do Millennium-bcp, pelo menos nos últimos 20 anos. Fui membro, por convite de Paulo Teixeira Pinto, do Conselho de Stakeholders, que é uma realidade quase oposta à de acionista. Era uma participação integralmente gratuita e nela estava a "representar" o stakeholder "Universidades". Aceitei o convite porque o Banco tinha sido um patrocinador particularmente generoso com a minha Faculdade quando fui Diretor, entre finais de 2002 e inícios de 2005. É portanto uma notícia factualmente falsa e sugere uma relação entre as minhas funções públicas que não tem cabimento.
Por último, afirma a notícia que "geria um fundo de private equity". Embora não descortine a incompatibilidade com a circunstância de ser ex-Ministro das Finanças, nunca geri qualquer fundo de private equity. É uma notícia falsa.
Um telefonema da jornalista, que não foi feito, evitaria enganar os leitores com a sugestão de comportamentos supostamente ilegais ou menos éticos que muito me ofendem. Luís Campos e Cunha
Nota da Direcção Editorial
O PÚBLICO reconhece e lamenta ter traduzido erradamente “Comissão de Stakeholders” por “conselho de accionistas”. E onde escrevemos que Luís Campos e Cunha “geria um fundo de private equity”, deveríamos ter precisado que foi accionista fundador da ECS, uma sociedade gestora de fundos de private equity, fundada em Dezembro de 2006.