Pudim internacional
Garrone como aprendiz de Tim Burton? É curiosidade magra de mais para sustentar o visionamento deste pastelão que é O Conto dos Contos
Conhecido sobretudo pelo seu retrato realista, sujo e destemido da Mafia napolitana (o célebre “Gomorra”, baseado nos escritos de Roberto Saviano), Matteo Garrone atira-se em O Conto dos Contos a algo completamente diferente, a fantasia histórico-fabulosa (baseada num escritor napolitano do século XVII), completa com reis, rainhas, princesas e criaturas monstruosas. O resultado não é desastroso mas fica lá perto, desde logo pelo “pudim internacional” que aparenta ser e o que o seu elenco heteróclito imediatamente sinaliza – é uma coisa de lado nenhum, completamente perdida na estratosfera, onde algumas figuras se agitam numa história tão desligada de tudo que ficamos só com os elementos decorativos, o guarda-roupa, a caracterização, os cenários, sem qualquer espécie de coesão ou sentido de propósito.
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Conhecido sobretudo pelo seu retrato realista, sujo e destemido da Mafia napolitana (o célebre “Gomorra”, baseado nos escritos de Roberto Saviano), Matteo Garrone atira-se em O Conto dos Contos a algo completamente diferente, a fantasia histórico-fabulosa (baseada num escritor napolitano do século XVII), completa com reis, rainhas, princesas e criaturas monstruosas. O resultado não é desastroso mas fica lá perto, desde logo pelo “pudim internacional” que aparenta ser e o que o seu elenco heteróclito imediatamente sinaliza – é uma coisa de lado nenhum, completamente perdida na estratosfera, onde algumas figuras se agitam numa história tão desligada de tudo que ficamos só com os elementos decorativos, o guarda-roupa, a caracterização, os cenários, sem qualquer espécie de coesão ou sentido de propósito.
Enfim, pode-se sempre ver com uma espécie de reacção europeia ao omnívoro “universo Disney”, com um Garrone a passar da Camorra ao papel de aprendiz de Tim Burton. Mas é curiosidade magra de mais para sustentar o visionamento deste pastelão.