Melanésia, Telheiras

John From é um filme de geração e de bairro que não consegue sustentar a sua fantasia por inteiro.

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Um elogio: ao ver o modo como João Nicolau filma Telheiras em John From, não conseguimos deixar de pensar nas Avenidas Novas que Paulo Rocha filmou em Os Verdes Anos, ou nos subúrbios tal como vistos por João Salaviza em Montanha – títulos onde o cenário, a Lisboa sub/urbana, é ela própria personagem de corpo inteiro.

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Um elogio: ao ver o modo como João Nicolau filma Telheiras em John From, não conseguimos deixar de pensar nas Avenidas Novas que Paulo Rocha filmou em Os Verdes Anos, ou nos subúrbios tal como vistos por João Salaviza em Montanha – títulos onde o cenário, a Lisboa sub/urbana, é ela própria personagem de corpo inteiro.

Uma confirmação: João Nicolau sente-se bem na longa-metragem - depois dessa  incompreendida Espada e a Rosa (2010) que continua a ser uma das melhores primeiras longas portuguesas dos últimos anos, John From afina e refina a sensação de “cineasta de geração” que as curtas do cineasta nunca conseguiram resolver inteiramente. Uma decepção: a fragilidade inerente a esta história da fervilhante vida de fantasia de uma adolescente romanticamente obcecada com o novo vizinho estilhaça-se devagar em câmara lenta. Nicolau não consegue sustentar o estado de graça da primeira metade do filme, as suas imagens não têm a força suficiente para convocar a suspensão de descrença que pedem, arriscam a inconsequência que a história não merece. John From não desmerece, contudo, do que veio antes, e confirma Nicolau como uma das vozes mais originais do cinema que se faz por cá.