Há 422 milhões de adultos com diabetes
Estudo da Organização Mundial da Saúde mostra que diabetes está ligada a 3,7 milhões de mortes anuais. Aumento é dramático nos países pobres.
Em menos de quatro décadas, o número de adultos com diabetes em todo o mundo quadruplicou, passando de 108 milhões, em 1980, para 422 milhões, em 2014. A doença está a tornar-se um dos maiores problemas nos países mais pobres, de acordo com um estudo que a Organização Mundial da Saúde (OMS) apresentou esta quarta-feira.
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Em menos de quatro décadas, o número de adultos com diabetes em todo o mundo quadruplicou, passando de 108 milhões, em 1980, para 422 milhões, em 2014. A doença está a tornar-se um dos maiores problemas nos países mais pobres, de acordo com um estudo que a Organização Mundial da Saúde (OMS) apresentou esta quarta-feira.
Segundo um dos maiores trabalhos sobre a tendência da diabetes feita até à data, as populações envelhecidas e o aumento de obesidade mundial fazem com que a diabetes esteja a tornar-se “um problema definidor da saúde pública mundial”, associado a 3,7 milhões de mortes anuais.
A diabetes do tipo 2 é uma doença caracterizada pela resistência à hormona insulina, que metaboliza o açúcar. Os doentes podem gerir a diabetes com medicação e uma dieta alimentar, mas a doença é muitas vezes crónica e é uma das principais causas de cegueira, de falha renal, de ataques cardíacos, de acidente vascular cerebral e de amputação dos membros inferiores.
“A obesidade é o factor de risco mais importante para a diabetes de tipo 2 e as nossas tentativas de controlo do aumento da obesidade não tiveram sucesso até agora”, disse Majid Ezzati, professor no Imperial College de Londres, que liderou a investigação da OMS. O trabalho foi publicado na revista científica The Lancet na véspera do Dia Mundial da Saúde (esta quinta-feira, 7 de Abril). A investigação tem por base a informação de 4,4 milhões de adultos em diferentes regiões do mundo para estimar a prevalência da diabetes em 200 países.
Entre 1980 e 2014, a diabetes tornou-se mais comum nos homens do que nas mulheres, e as percentagens de pessoas com diabetes aumentaram significativamente em muitos países de níveis económicos baixo e médio, incluindo a China, a Índia, a Indonésia, o Paquistão, o Egipto e o México. Ao todo, um em cada 11 adultos vive com esta doença.
O estudo mostra que existe uma necessidade urgente de se fazer alguma coisa em relação às dietas e aos estilos de vida pouco saudáveis, segundo Margaret Chan, directora-geral da OMS. Em 2014, um em cada três adultos tinha peso a mais e um décimo da população adulta era obesa.
“Se queremos fazer algum progresso e travar a crise da diabetes, temos de repensar as nossas vidas diárias: temos de comer de uma forma saudável, de ser activos a nível físico e de evitar ganhar peso excessivo”, referiu, numa declaração na sede da OMS, em Genebra. “Mesmo nos contextos mais pobres, os governos tem de assegurar que as pessoas são capazes de fazer escolhas saudáveis e que os sistemas de saúde são capazes de diagnosticar as pessoas com diabetes.”
O estudo mostra que o Noroeste da Europa tem as menores percentagens de diabetes tanto nas mulheres como nos homens, com uma prevalência abaixo dos 4% nas mulheres e entre 5 e 6% nos homens na Suíça, Áustria, Dinamarca, Bélgica e Holanda. Nenhum país teve um decréscimo significativo na prevalência da diabetes. Em Portugal, 7,8% das mulheres e 10,7% dos homens têm diabetes.
As maiores subidas na percentagem de diabetes foram nas ilhas do oceano Pacífico, seguidas pelo Médio Oriente e a África do Norte, em países como o Egipto, a Jordânia e a Arábia Saudita. O relatório também mostra que metade dos adultos com diabetes em 2014 vivia em cinco países – a China, a Índia, os Estados Unidos, o Brasil e a Indonésia. As percentagens mais que duplicaram nos homens na Índia e na China entre 1980 e 2014.