Maria Neto vence Prémio Fernando Távora com projecto sobre maior campo de refugiados do mundo
As cidades invisíveis de Dadaab, a cidade improvisada na fronteira do Quénia com a Somália, recebeu o 11.º prémio Távora, uma bolsa de viagem de investigação.
A Ordem dos Arquitectos - Secção Regional do Norte atribuiu segunda-feira à noite o Prémio Fernando Távora de 2016 à arquitecta portuguesa Maria Neto, que venceu a distinção que se traduz numa bolsa de viagem de investigação pelo seu projecto As cidades invisíveis de Dadaab. A região de fronteira queniana com a Somália é palco do maior campo de refugiados do mundo, onde vivem entre 350 mil e 500 mil pessoas.
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A Ordem dos Arquitectos - Secção Regional do Norte atribuiu segunda-feira à noite o Prémio Fernando Távora de 2016 à arquitecta portuguesa Maria Neto, que venceu a distinção que se traduz numa bolsa de viagem de investigação pelo seu projecto As cidades invisíveis de Dadaab. A região de fronteira queniana com a Somália é palco do maior campo de refugiados do mundo, onde vivem entre 350 mil e 500 mil pessoas.
As cidades invisíveis de Dadaab foi então a escolha do júri, composto pelos arquitectos Daniel Couto, Inês Lobo (em representação da Casa da Arquitectura), Cláudia Costa Santos (em representação da Ordem), pela coreógrafa Olga Roriz e Maria José Távora, representante da família do emblemático profissional que dá nome ao prémio. Segundo informa a Secção Regional do Norte da Ordem dos Arquitectos na sua página de Facebook, o júri considerou que o 11.º prémio Távora deveria ser entregue ao projecto porque este “se distingue por remeter para a própria essência da arquitectura: o abrigo”.
Na cerimónia, que decorreu no Salão Nobre da Câmara Municipal de Matosinhos, Maria Neto declarou que “a arquitectura de emergência é uma necessidade actual e real”, indica a Ordem. Dadaab acolhe refugiados somali e é considerado um problema pelo governo central do Quénia, não só pelas condições humanitárias mas também por alegações de que pode ser palco de recrutamento para grupos terroristas, estando situado num dos mais duros territórios do país, como descrevia há semanas uma reportagem do diário britânico Guardian. Existe há mais de duas décadas.
Maria Neto, nascida em 1986, irá usar a viagem para complementar a investigação para o seu doutoramento sobre o "posicionamento crítico do arquitecto na delineação de estratégias de abrigo e planeamento de emergência". Licenciada em Arquitectura pela Universidade da Beira Interior, é investigadora do Centro de Estudos de Arquitectura e Urbanismo da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto.
O Prémio Távora realiza-se anualmente e abarca arquitectos membros da Ordem que se candidatem ao galardão organizado pela Secção Regional do Norte, pela Câmara de Matosinhos e pela associação Casa da Arquitectura. A distinção, criada em 2005, atribui um prémio no valor pecuniário de seis mil euros que se destinam à concretização do projecto proposto ao júri e que depois deve ser apresentado numa conferência que se realiza no Dia Mundial da Arquitectura - 3 de Outubro - na Câmara de Matosinhos. Em 2016 concorreram 17 projectos.
“Desde estudante e durante toda a sua vida, Fernando Távora viajou incessantemente para estudar in loco a arquitectura de todas as épocas em todos os continentes”, atesta o texto da Ordem que apresenta o prémio e sustenta o seu foco nas viagens de investigação, que serviam ao arquitecto “desde 1958 até 2000, como conteúdo e método da sua actividade pedagógica”.
Este prémio já distinguiu, nas edições anteriores, Nélson Mota, Sílvia Benedito, Maria Moita, Cristina Salvador, Armando Rabaça, Marta Pedro, Paulo Moreira, Sidh Mendiratta, Susana Ventura e André Tavares.