É seguro viajar nas auto-estradas portuguesas? Os números dizem que sim
Nos últimos 15 anos, há relatos de apenas quatro casos em que o asfalto cedeu. Troço da A14 que abateu perto de Montemor-o-Velho vai estar fechado pelo menos sete semanas.
Em menos de dois meses, o piso de duas auto-estradas portuguesas ruiu. As razões para o aluimento são idênticas: estruturas de passagem de águas antigas que colapsam, levando ao abatimento de partes das estradas.
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Em menos de dois meses, o piso de duas auto-estradas portuguesas ruiu. As razões para o aluimento são idênticas: estruturas de passagem de águas antigas que colapsam, levando ao abatimento de partes das estradas.
O primeiro caso ocorreu a 12 de Fevereiro, na A41, entre o nó de Alfena e o nó da A3, no sentido Alfena-Aeroporto Sá Carneiro, no Porto, num troço da responsabilidade da Ascendi. Os trabalhos para a sua reparação ainda decorrem.
Já no sábado, o piso da auto-estrada que liga Coimbra à Figueira da Foz (A14) cedeu na zona de Montemor-o-Velho, levando ao corte total da via da responsabilidade da Brisa.
Acidentes como estes são, porém, raros em Portugal — nos últimos 15 anos apenas aconteceram por quatro vezes. Além dos casos verificados este ano, há notícias de um outro em Fevereiro de 2010, quando o pavimento da auto-estrada que liga Lisboa a Leiria (A8, da Auto-estradas do Atlântico) abateu num troço de 50 metros na zona de Alfeizerão; e de outro um ano antes, em Janeiro de 2009, quando um aluimento de terras junto à A23 (auto-estrada da Beira Interior, que liga Torres Novas à Guarda) provocou um buraco no asfalto. Em nenhuma das situações houve feridos a registar.
O acidente deste sábado ficou a dever-se à deterioração de uma passagem hidráulica com mais de 20 anos, que estava identificada pela Brisa, que preparava o início das obras no sistema para “muito em breve”.
Na noite de sábado, o troço esteve apenas cortado no sentido Coimbra-Figueira da Foz, mas já hoje a Brisa decidiu cortar o trânsito nos dois sentidos, porque a dimensão do buraco na estrada foi alargando. Na manhã deste domingo, a dimensão do aluimento rondava os dez metros.
“Os problemas na passagem hidráulica estavam totalmente identificados, havia um plano de obra, um empreiteiro contratado e só esperávamos as devidas autorizações para arrancar as obras nos próximos dias”, assegurou ao PÚBLICO Franco Caruso, porta-voz da Brisa. As obras para a reabertura do troço devem demorar um mínimo de sete semanas.
O representante da empresa diz que “nunca esteve em causa a segurança de quem passava pelo troço”, porque o problema estava “perfeitamente identificado” e a “monitorização era permanente”. “Estávamos tão preparados para resolver a situação que o empreiteiro contratado pode começar a trabalhar já hoje.”
Franco Caruso diz não ter memória de uma situação deste género acontecer numa concessão da Brisa, garantindo que “é perfeitamente seguro” viajar nos troços da responsabilidade da operadora. E assegura que a fiscalização aos pavimentos e obras de arte (viadutos, troços construídos em altura e outras obras do género) é feita permanentemente, garantindo que de três em três anos todas as estradas da sua responsabilidade “estão absolutamente vistoriadas e a sua segurança garantida”.
Em 2014, segundo o último relatório e contas da empresa, o valor de indemnizações pedidas à Brisa por acidentes de viação, prejuízos causados pela construção de auto-estradas mas também processos laborais ascendia a cerca de 16 milhões de euros.
No que respeita ao troço agora cortado, a Brisa propõe como alternativa seguir pela A17 até ao nó do Ouriçal, depois apanhar o IC8 até ao nó de Pombal e seguir para Coimbra. A concessionária está também a trabalhar com a GNR para encontrar e sinalizar um caminho por estradas interiores entre a Figueira da Foz e Coimbra.