Perfil do candidato do PSD à Câmara de Lisboa será definido este mês
Porto tenta pressionar direcção para convencer Rangel a ser candidato
Com o PSD na oposição, os sociais-democratas prometem empenhar-se fortemente no combate das eleições autárquicas de 2017, que serão um teste à liderança de Passos Coelho. E garantem que vão “escolher” os melhores para que o partido consiga recuperar muitas das câmaras que, em 2013, deixou fugir para o PS. Isso explica a criação de uma "Comissão Autárquica Nacional" para coordenar o processo das eleições locais. Para a presidência desta comissão, Passos convidou Carlos Carreiras, presidente da Câmara de Cascais e da mesa do congresso da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP).
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Com o PSD na oposição, os sociais-democratas prometem empenhar-se fortemente no combate das eleições autárquicas de 2017, que serão um teste à liderança de Passos Coelho. E garantem que vão “escolher” os melhores para que o partido consiga recuperar muitas das câmaras que, em 2013, deixou fugir para o PS. Isso explica a criação de uma "Comissão Autárquica Nacional" para coordenar o processo das eleições locais. Para a presidência desta comissão, Passos convidou Carlos Carreiras, presidente da Câmara de Cascais e da mesa do congresso da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP).
Curiosamente, o tom foi dado no congresso, deste fim-de-semana, em Espinho, onde o próprio Passos Coelho definiu uma meta ambiciosa: “PSD tem de ganhar as próximas autárquicas”. “Ganhar”, neste caso, só tem um significado: obter o maior número de câmaras e recuperar a liderança da ANMP.
Lisboa e Porto são mesmo os principais problemas que Carlos Carreiras vai enfrentar.
Os líderes das estruturas locais do partido estão preocupados e começaram já a preparar o processo eleitoral. O presidente da concelhia de Lisboa do PSD, Mauro Xavier, nega o apoio do partido a uma eventual candidatura protagonizada pela líder do CDS, Assunção Cristas, que estará disponível para avançar, e garante que os sociais-democratas não deixarão de apresentar uma “candidatura forte” para voltar a governar o município da capital. “Não há candidatos invencíveis”, diz Mauro Xavier. Em declarações ao PÚBLICO, o dirigente garantiu que, no caso de Lisboa, o perfil do candidato será definido durante este mês e a ideia é apresentá-lo entre Maio e Junho. Salvaguarda, no entanto, que a apresentação pode ser atirada para Setembro, na rentrée política. “ No final de Junho, o processo de escolha do candidato está concluído”, assume, adiantando que as “principais autarquias terão os candidatos definidos um ano antes das autárquicas”.
Quanto a nomes, guarda-os a sete chaves e também não comenta as enigmáticas declarações de Pedro Santana Lopes, proferidas sábado no congresso onde deixou a porta aberta a uma eventual candidatura no âmbito autárquico.
Mauro Xavier não encara o combate de Lisboa como “muito difícil”. “Não é uma tarefa muito complexa”, arrisca dizer, afirmando que o “partido tem vários candidatos com perfil para disputar a Câmara de Lisboa”.
Também no Porto, o processo autárquico já mexe. Miguel Seabra, que lidera a estrutura concelhia, está muito empenhado em encontrar um candidato forte para disputar as eleições com o independente Rui Moreira. O caso do Porto é, provavelmente, o mais complexo e essa complexidade levou a concelhia a reuniu-se durante a realização do congresso. Ao que o PÚBLICO apurou, nesse encontro participou um assessor de Passos Coelho. Paulo Rangel é a personalidade que a concelhia desejaria para protagonizar a candidatura à segunda câmara do país e tudo fará para que o ex-candidato à liderança do PSD venha a aceitar o convite. Mas adivinham-se dificuldades. O eurodeputado parece ter outros planos e preferirá continuar em Bruxelas onde é vice-presidente do Partido Popular Europeu. Para além disso, Paulo Rangel é amigo pessoal de Rui Moreira e isso também tem conta na equação eleitoral.
Miguel Seabra irá pedir por estes dias uma audiência ao líder do partido para discutir a questão da candidatura ao Porto, na tentativa de perceber o que é que a direcção estará disposta a fazer para convencer Paulo Rangel a avançar. Numa entrevista recente ao PÚBLICO, o eurodeputado disse não estar no seu horizonte ser candidato e aproveitou para dizer que “não há candidatos imbatíveis”.
Mas o PÚBLICO sabe que se as diligências do partido não forem bem-sucedidas, Rangel pode ser desafiado para encabeçar a lista do PSD à Assembleia Municipal do Porto.
O ex-ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco, foi ao congresso fazer um grande apelo à mobilização do partido e lançou os nomes de José Eduardo Martins como candidato do PSD à Câmara de Lisboa e de Pedro Duarte como candidato ao Porto. Os dois nomes não foram lançados inocentemente, já que tanto José Eduardo Martins como Pedro Duarte têm estado entre os maiores críticos da liderança de Passos.
“No PSD quem quer ser barão vai a votos. Aliás, só é barão quem vai a votos. Não se passa de praça a general sem antes mostrar o seu valor”, declarou Aguiar-Branco. E desafiou aqueles que nunca fora a votos a fazê-lo.“Caros barões, aspirantes a barões, ausentes deste congresso, enfants terribles, candidatos a candidatos, sigam as ancestrais tradições, gostando ou não do nosso presidente do partido, têm de ir a votos”. O recado estava dado.
A partir do palco do congresso, o presidente dos Autarcas Social-Democratas, Álvaro Amaro, lançou um apelo para que todos no partido estejam disponíveis para disputar as autárquicas. “Desta vez não vale ficar no sofá”, disse o actual presidente da Câmara da Guarda, que está absolutamente determinado em arrancar uma vitória eleitoral para o partido em 2017. “Em 2013, lixámo-nos mesmo, senhor presidente”, disse, depois de lembrar que o PSD “já foi um grande partido autárquico”.