Confrontos em Nagorno-Karabach fazem 32 mortos
O cessar-fogo entre o Azerbaijão e o enclave de maioria arménia foi rompido novamente durante a última madrugada. Moscovo pede calma.
O pequeno enclave de Nagorno-Karabach viveu uma noite de intensos confrontos entre as forças militares do Azerbaijão e dos rebeldes arménios que controlam aquele território. A quebra do cessar-fogo reacende os receios de que a instabilidade regresse a esta região contestada.
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O pequeno enclave de Nagorno-Karabach viveu uma noite de intensos confrontos entre as forças militares do Azerbaijão e dos rebeldes arménios que controlam aquele território. A quebra do cessar-fogo reacende os receios de que a instabilidade regresse a esta região contestada.
O Governo de Bacu diz que 12 soldados azerbaijanos foram mortos durante a noite, mas garante que as suas forças mataram e feriram "mais de cem soldados arménios". Porém, o Presidente da Arménia, Serzh Sarkisian, revelou que foram mortos 18 militares e 35 ficaram feridos. Dois civis também terão morrido, diz a Rádio Europa Livre, incluindo uma criança de doze anos.
Os dois lados acusam-se mutuamente sobre quem quebrou primeiro as tréguas. O exército arménio — apoiante dos rebeldes — acusa o vizinho Azerbaijão de ter lançado uma forte ofensiva, que terá mobilizado tanques, artilharia pesada e helicópteros. Bacu, por seu turno, diz que a sua linha avançada de defesa ficou sob “fogo intenso” de morteiros, granadas e artilharia, e por isso o exército decidiu avançar.
Confrontos semelhantes ocorreram no mês passado, recorda a BBC.
A Rússia já veio pedir o fim das hostilidades. O ministro da Defesa, Sergei Shoigu, entrou em contacto com os seus homólogos nos dois países, avançou a agência estatal Interfax.
A Alta Representante da União Europeia para as relações exteriores,Federica Mogherini, considerou "profundamente preocupantes" as notícias de vêm de Nagorno-Karabach, e apelou a que ambos os lados "evitem acções ou declarações que possam resultar numa nova escalada de violência." A Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) divulgou uma declaração no mesmo sentido, e condenando o uso de força.
Apesar de serem recorrentes, os confrontos da última noite foram descritos por Ierevan como os mais sérios desde o acordo de cessar-fogo de 1994. Após o colapso da União Soviética, estalou uma guerra entre as duas ex-repúblicas pelo controlo do território, durante a qual morreram mais de 30 mil pessoas.
Um acordo de cessar-fogo assinado em 1994 pôs fim ao conflito armado, mas deixou o estatuto político de Nagorno-Karabach por resolver — uma indefinição que está na base dos regulares confrontos na região. Apesar de se encontrar dentro do território do Azerbaijão, o controlo político e militar sobre este enclave é exercido pelos rebeldes arménios, apoiados pelo Governo de Ierevan.
Os líderes da Arménia e do Azerbaijão estiveram presentes em Washington durante a cimeira para a segurança nuclear e ambos se encontraram, de forma separada, com o vice-presidente norte-americano, Joe Biden, e com o secretário de Estado, John Kerry.