Horace and Pete
Horace and Pete pode não ser televisão. Mas é teatro. É teatro no computador.
"Hi. Thank you for opening this email. It's time for Horace and Pete to now continue with number 9".
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É assim que Louis CK avisou que estava pronto o 9º episódio de Horace and Pete. O download custa 3 dólares. O primeiro episódio, mais comprido, custou 5 dólares. O segundo só custou 2. Os emails, em que Louis CK faz comentários inteligentes, são gratuitos. Mesmo quem não compre os episódios, roubando-os na Internet, continua a poder recebê-los.
Não há estações ou canais de televisão - ou intermediários. Não há publicidade. É Louis CK - o argumentista e realizador da série - que a distribui directamente através do site dele.
Não é uma revolução punk porque, com poucas excepções, os artistas punk não eram donos e distribuidoras dos discos. A revolução punk não foi revolução nenhuma. O Horace and Pete de Louis CK é.
Há uma honestidade artística e comercial em Horace and Pete que seria exemplar, admirável e inspiradora mesmo se a série fosse assim-assim.
Não é. Às vezes é até muito boa. Louis CK é um péssimo actor (está sempre envergonhado) mas fez questão de trabalhar com excelentes actrizes e actores.
Os episódios (só não vi o nono) parecem a Noite do Teatro na RTP dos anos 60, com cenários, diálogos e enquadramentos fiéis aos princípios mais exigentes do neo-realismo português.
Mas, de vez em vez, são muito bons. Horace and Pete pode não ser televisão. Mas é teatro. É teatro no computador. É uma bela vingança do século XIX sobre o século XXI.