Industrial Light and Magic, Disney e Halo em Tróia no Festival Trojan Horse

Feira de recrutamento e laboratórios de desenvolvimento de projectos fazem crescer o evento de artes digitais e criação. Participação pública no evento será de 120 mil euros.

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A Industrial Light and Magic, fundada por George Lucas, e a Disney estão entre as 20 empresas do sector criativo e digital que vão estar em Tróia em Setembro a recrutar profissionais por ocasião do Festival Trojan Horse Was An Unicorn (THU). A 4.ª edição contará com quatro oradores vencedores de Óscares, anunciou a organização esta quarta-feira em Setúbal, ainda sem revelar nomes, salvo o do primeiro dos seus convidados da área dos videojogos – o director de arte dos jogos Halo, Nicolas " Sparth" Bouvier, que valem cerca de três mil milhões de euros. Será a maior edição do evento, com nomes envolvidos na criação de filmes como Monsters Inc, Toy Story ou Star Wars e laboratórios de desenvolvimento de projectos com mentores e participantes.

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A Industrial Light and Magic, fundada por George Lucas, e a Disney estão entre as 20 empresas do sector criativo e digital que vão estar em Tróia em Setembro a recrutar profissionais por ocasião do Festival Trojan Horse Was An Unicorn (THU). A 4.ª edição contará com quatro oradores vencedores de Óscares, anunciou a organização esta quarta-feira em Setúbal, ainda sem revelar nomes, salvo o do primeiro dos seus convidados da área dos videojogos – o director de arte dos jogos Halo, Nicolas " Sparth" Bouvier, que valem cerca de três mil milhões de euros. Será a maior edição do evento, com nomes envolvidos na criação de filmes como Monsters Inc, Toy Story ou Star Wars e laboratórios de desenvolvimento de projectos com mentores e participantes.

Se na primeira edição, com um orçamento de 180 mil euros, estiveram presentes 200 participantes de 17 países para ouvir e trabalhar com 25 oradores, em 2016 participarão 700 pessoas de 70 países e 55 oradores, entre os quais vários nomes, que ainda não foram revelados, das artes digitais do Japão e China. O evento, agora com um orçamento de 1,2 milhões de euros, mudou, diz o seu co-organizador, não só no seu âmbito internacional – a maioria dos oradores e peritos continua a ser norte-americana, mas está a chamar artistas de outros países –, mas também porque se quer afirmar mais como “um festival de criadores”, diz André Lourenço, fundador e co-organizador do THU.

Nos primeiros três anos vinham sobretudo concept artists, aqueles que desenham as paisagens dos produtos que consumimos no cinema, nos computadores, telemóveis e tablets, e outros nomes que normalmente surgem no fim dos créditos de alguns dos títulos mais populares do mundo. Syd Mead, concept designer de Blade Runner – Perigo Iminente, Iain McCaig, que desenhou personagens como Darth Maul ou Padme Amidala de Star Wars, ou Shane Mahan, autor do T-Rex de Parque Jurássico, juntaram-se a nomes da indústria de videojogos, por exemplo. Agora quer-se, enfatiza o produtor, apostar mais no desenvolvimento de projectos – da feira de recrutamento (onde a Disney em 2015 contratou três profissionais), que este ano vai juntar à ILM, gigante dos efeitos visuais mundiais, grandes empresas dos jogos como a Cd Projekt Red e a Riot, ou os novos Co-Labs e THU Playground.

Os primeiros acontecerão “no próprio evento, com artistas que se tornem mentores e ensinem os participantes a desenvolver projectos nos quais podem vir eles próprios a participar”, descreve André Lourenço ao PÚBLICO, com a possibilidade de o THU “produzir projectos”, financiando-os com as suas receitas no âmbito do THU Playground  – o THU é agora uma organização sem fins lucrativos. O acesso a estas plataformas é para os seus participantes (que pagam 600 euros por bilhete), mas está em estudo a possibilidade de se abrirem inscrições à parte. “Há uma necessidade dramática de artistas [nas empresas]”, nota Lourenço, comentando na conferência de imprensa que “o conteúdo é ouro”, dada a procura actual dos canais de televisão e outras plataformas.

As parcerias institucionais da 4.ª edição do Festival Trojan Horse foram esta quarta-feira apresentadas em Setúbal, autarquia que, aliada ao Governo, e depois de anos de tentativas de diálogo da organização, fez com que o evento se mantivesse em Portugal – a organização queixava-se até ao início deste ano de falta de sensibilidade para a sua actividade. A participação pública no orçamento será de 120 mil euros, entre autarquia e Estado, confirmou ao PÚBLICO a secretária de Estado do Turismo, Ana Godinho, que enfatizou a importância do apoio a estes eventos para a promoção de Portugal também como um país “de inovação” e de outras regiões. A chinesa Lenovo, principal patrocinadora do evento, contribui com 500 mil euros, disse André Lourenço.

Entre 19 e 24 de Setembro, o THU ocupará Tróia, esgotando quase toda a sua oferta hoteleira, estima a organização, com membros do que o seu antigo embaixador e agora co-organizador Scott Ross considera uma “tribo”, uma “família digital global”. O grosso dos nomes dos oradores e formadores de 2016 será anunciado mais perto de Setembro, mas as tranches de bilhetes que vão sendo postas à venda continuam a esgotar.

O Trojan Horse “deu a estes artistas a oportunidade de se sentirem valorizados”, disse o poderoso ex-gestor da ILM e da Lucasfilm, além de antigo colaborador de James Cameron na Digital Domain, por chamada de vídeo. As suas áreas de actividade são linguagens amplamente consumidas mas pouco reconhecidas, em comparação com os produtos que ajudam a criar, diz Scott Ross sobre o que considera ser um dos motivos pelos quais o festival chama cada vez mais artistas. Na mesma chamada, em conversa com a secretária de Estado, Ross, jocoso, admitiu que se um certo "multimilionário ligado ao investimento imobiliário" - leia-se Donald Trump - ganhar as eleições de Novembro nos EUA, é desta que se muda para Portugal.

“Não era possível estarmos no patamar em que estamos [sem o próprio Ross e as suas ligações ao sector], reconhece André Lourenço.