Ash vs Evil Dead: 25 anos depois, Bruce Campbell e Sam Raimi na TV
Série continua a história do herói dos filmes de terror dos anos 1980 no meio do fascínio pelo terror e da zombiemania da última década.
Quase 25 anos depois, a vaga de mortos-vivos largada no mundo por Sam Raimi e Bruce Campbell está de volta – na televisão, claro, onde não há falta de temas do género mas há pouco pedigree de filme de culto 80s como este. Ash vs Evil Dead é o regresso à mais conhecida (e camp) personagem de Bruce Campbell, que volta com a sua mão de motosserra para cortar mais uma fatia do fascínio pelo terror e da zombiemania da década.
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Quase 25 anos depois, a vaga de mortos-vivos largada no mundo por Sam Raimi e Bruce Campbell está de volta – na televisão, claro, onde não há falta de temas do género mas há pouco pedigree de filme de culto 80s como este. Ash vs Evil Dead é o regresso à mais conhecida (e camp) personagem de Bruce Campbell, que volta com a sua mão de motosserra para cortar mais uma fatia do fascínio pelo terror e da zombiemania da década.
Este universo, nascido em 1981 com o filme de Raimi A Noite dos Mortos-Vivos (Evil Dead), geraria ainda outros dois capítulos, The Evil Dead II (1987) e Army of Darkness (1992), antes de o seu criador ir parar ao franchise Homem-Aranha e de assinar ainda um remake de Evil Dead em 2013. Agora, Raimi produz esta série bastante bem recebida pela crítica e cuja segunda temporada já está em produção, sempre com Bruce "Já me chamaram Gregory Peck da série B" Campbell a combater os deadites, ou "possuídos". No canal Mov, a partir desta quinta-feira às 22h30, e durante dez semanas, passa a série original do canal americano Starz. O primeiro episódio, de 45 minutos e mais longo do que o que serão os habituais 30 minutos, é escrito e realizado por Sam Raimi.
Embora os Evil Dead não sejam automaticamente considerados filmes de zombies – é todo um tema de discussão, visto que os filmes focam a possessão, mas também a reanimação do que está vivo, morto ou inanimado por meio de demónios –, chegam numa altura em que zombie é uma palavra da língua franca. Nos cinemas portugueses medra a versão filme do sucesso mash up literário entre Jane Austen e a mania dos mortos-vivos Orgulho e Preconceito e Zombies – disfarçado sob um título traduzido para Orgulho e Preconceito e Guerra – e na próxima segunda-feira chega ao fim mais uma temporada sangrenta de Walking Dead (Fox). Uma semana depois voltam os zombies de Verão com a prequela Fear the Walking Dead (AMC) e até na outra série-fenómeno do momento, Guerra dos Tronos (SyFy), cuja sexta temporada se estreia no final de Abril, há mortos-vivos mais ou menos poderosos.
Dizer que há uma obsessão com zombies e o sobrenatural é um facto tão assumido quanto assumir que os produtores vão continuar a dar ao mercado aquilo que ele parece querer. No Verão estreia-se Outcast, a nova série do criador de Walking Dead, Robert Kirkman, e que foca exactamente esses temas.
Parte da cultura VHS e dos videoclubes dos anos 1980, A Noite dos Mortos-Vivos era Ash (ou Bruce Campbell), um estudante em luta com o livro sumério dos mortos (o Necronomicon) e com cenas em que árvores cometem violações e mãos ganham vida própria (daí, em resumo, a motosserra). O tom de humor no terror tornou-o um dos marcos da aproximação do género ao mainstream e ao mesmo tempo mantinha-o no aconchego de um culto na verdadeira acepção do nome. "Nunca fomos sequer [famosos como o filme franchise] Sexta-feira 13", reconheceu há meses Campbell ao Guardian, "mas Evil Dead tocou as pessoas porque não nos limitávamos a fazer um a seguir ao outro" (embora tenha gerado videojogos e comics).
Agora, é uma série de televisão assumidamente cómica que mantém o tom gore e que coloca Ash no papel de um empregado de loja quase sexagenário que vive pacatamente numa rulote. Até ao momento em que já não vive assim e há motivo para uma série com mortos-vivos, dois novos companheiros e uma inimiga. "Inteligente", disse o New York Times; escolha de actores "quase absurdamente boa", garantiu o IndieWire; e "não se leva demasiado a sério", descreveu a Variety.
Nos 25 anos que o separaram da última encarnação jovem de Ash, Bruce Campbell andou pela televisão (Burn Notice, Fargo), e chamaram-lhe o Gregory Peck dos filmes de série B, como confessou ao diário britânico. "Não tenho qualquer problema" com a comparação, assumiu.