Costa paz e amor
O primeiro-ministro promete muito consenso para o seu plano de reformas vago e onde só constam medidas fáceis de “vender”
Não lembra ao careca, para citar o actual Presidente da República, promover um evento para apresentar um Plano Nacional de Reformas cuja definição e âmbito ainda é suficientemente vago para caber lá tudo ou, pelo contrário, acabar por ficar reduzido a um amontoado de intenções que depois não se concretizam. De facto, quem pode discordar de “medidas” para “promover o sucesso educativo e diminuir o abandono escolar”, tendo como objectivo “a igualdade de acesso”? Ou “garantir o ensino secundário como patamar mínimo de qualificações”? Ou o “reforço da cobertura das redes digitais”? Ou “melhorar a eficiência energética do sector dos transportes, com ganhos ambientais e económicos”? Ou a “reabilitação do edificado urbano”, “retomar o Simplex” e “simplificar a legislação para garantir a estabilidade e previsibilidade normativas”, etc, etc, etc? Temos ouvido falar destas ou de medidas semelhantes ao longo dos anos e é também por isso que a palavra “reforma” deve ser dos substantivos mais utilizados pelos políticos e dos que menos credibilidade têm junto dos cidadãos, porque, regra geral, significa apenas pôr mais legislação em cima do exagero legislativo nacional. Ou seja, muitas palavras para esconder a fraca substância e o défice na acção transformadora.
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Não lembra ao careca, para citar o actual Presidente da República, promover um evento para apresentar um Plano Nacional de Reformas cuja definição e âmbito ainda é suficientemente vago para caber lá tudo ou, pelo contrário, acabar por ficar reduzido a um amontoado de intenções que depois não se concretizam. De facto, quem pode discordar de “medidas” para “promover o sucesso educativo e diminuir o abandono escolar”, tendo como objectivo “a igualdade de acesso”? Ou “garantir o ensino secundário como patamar mínimo de qualificações”? Ou o “reforço da cobertura das redes digitais”? Ou “melhorar a eficiência energética do sector dos transportes, com ganhos ambientais e económicos”? Ou a “reabilitação do edificado urbano”, “retomar o Simplex” e “simplificar a legislação para garantir a estabilidade e previsibilidade normativas”, etc, etc, etc? Temos ouvido falar destas ou de medidas semelhantes ao longo dos anos e é também por isso que a palavra “reforma” deve ser dos substantivos mais utilizados pelos políticos e dos que menos credibilidade têm junto dos cidadãos, porque, regra geral, significa apenas pôr mais legislação em cima do exagero legislativo nacional. Ou seja, muitas palavras para esconder a fraca substância e o défice na acção transformadora.
Mas se falta corpo a esta apresentação do primeiro-ministro no sentido de se perceber como se faz, já do ponto de vista político, António Costa tem know how para dar e vender. Juntou todo o Governo para mostrar coesão interna, apelou à mobilização geral do país, prometeu negociar tudo com toda a gente e fez tábua rasa do mais leve sinal de fricção onde quer que ele estivesse. “Isto não vai lá com choques”, avisou, para exorcizar expressões de má memória e para deixar claro que o consenso é o seu método. E citou o Presidente da República, juntando-se-lhe na profissão de fé na “estabilidade”, condição sine qua non para o progresso. Nos tempos que passam, o nosso Costa é mesmo só paz e amor.