"Doc" português "Volta à Terra" estreia-se em França

"Volta à Terra", de João Pedro Plácido, é um retrato do Lugar da Uz, uma aldeia a 20 quilómetros de Cabeceiras de Basto. Primeiro filme do português foi premiado internacionalmente

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O filme "Volta à Terra", que se estreia esta quarta-feira, 30 de Março, em França, pretende transmitir uma "lição de bem viver" a partir de uma aldeia do interior de Portugal, explicou à Lusa o realizador português João Pedro Plácido. O documentário é o retrato do Lugar da Uz, a 20 quilómetros de Cabeceiras de Basto, onde os habitantes têm "valores comuns" de respeito pelo outro, pela terra e pelos animais e que podem sensibilizar "mesmo quem nada tem a ver com o campo, mesmo o parisiense", disse o realizador, acrescentando que o que o "levou a fazer o filme foi querer partilhar com o público" esses valores.

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O filme "Volta à Terra", que se estreia esta quarta-feira, 30 de Março, em França, pretende transmitir uma "lição de bem viver" a partir de uma aldeia do interior de Portugal, explicou à Lusa o realizador português João Pedro Plácido. O documentário é o retrato do Lugar da Uz, a 20 quilómetros de Cabeceiras de Basto, onde os habitantes têm "valores comuns" de respeito pelo outro, pela terra e pelos animais e que podem sensibilizar "mesmo quem nada tem a ver com o campo, mesmo o parisiense", disse o realizador, acrescentando que o que o "levou a fazer o filme foi querer partilhar com o público" esses valores.

"A entreajuda, o reconhecimento da importância do outro, a agricultura de subsistência, uma política de não consumismo e a partilha e o amor pelos animais e pela natureza são um espírito muito forte que não há nas cidades. Acaba por ser também uma lição de bem viver e de bem-estar. No fundo, também é essa a mensagem que me interessa passar", descreveu João Pedro Plácido.

Rodado entre Dezembro de 2011 e Janeiro de 2013, "Volta à Terra" nasceu da admiração do realizador pela ruralidade, um universo que evoca as suas raízes familiares. "A minha mãe nasceu ali, os avós que me educaram em Lisboa também vinham de lá e eu passei lá muito tempo nas férias de verão, todos os anos. Eu ia lá e essas pessoas, no fundo, acabaram por ser uma espécie de heróis desde a minha infância", afirmou João Pedro Plácido, caracterizando-se como "um citadino educado com os valores do campo" que lhe parecem "muito mais humanos e muito mais correctos do que aqueles que se vivem e se praticam na cidade".

João Pedro Plácido gostaria que o seu filme conseguisse "motivar a comunidade portuguesa [de França] para ir ao cinema" porque — pelo que viu nas ante-estreias nas salas francesas — o documentário suscita muita empatia dos espectadores com "um tema universal". "É um filme que toca muito os emigrantes que ficam muito felizes, que vêem o passado. É um filme que lhes toca o coração e a alma. Pelo que tenho visto nos debates, toda a comunidade portuguesa — e também muitos franceses que vêm do mundo rural — se identificam completamente", continuou.

Eleito o melhor filme português do DocLisboa 2014, o documentário esteve presente no Festival de Cannes de 2015 no âmbito da selecção da associação francesa ACID (Associação do Cinema Independente para a sua Difusão). Ainda em 2015, integrou a programação do CineMed ("Festival international du cinéma méditerranéen de Montpellier"), em França, no qual venceu os prémios Ulysse de documentário e Estudante para Primeira Obra. Foi também considerado o melhor documentário do Chicago Film Festival, nos Estados Unidos, e fez parte da selesção do Trento Film Festival, em Itália, onde conquistou o Gentiana de Prata para melhor contribuição técnica e artística.

Apesar da projecção internacional de "Volta à Terra", o seu primeiro filme enquanto realizador, João Pedro Plácido explicou que pretende continuar a trabalhar apenas como director de fotografia e operador de câmara e disse que só volta à realização se for para regressar ao Lugar da Uz daqui a muitos anos. "O único filme que me imagino fazer agora é daqui a 20 ou 30 anos: voltar à Uz e fazer um retrato do que será [a aldeia] daqui a 20 ou 30 anos. Neste momento, estou a fazer três filmes diferentes para realizadores diferentes. Sou director de fotografia, operador de câmara. Estou muito feliz com a minha profissão e não me interessa desenvolver a realização fora do tema que me é tão querido que é a ruralidade", concluiu.