Brasileiros protestam em Lisboa contra destituição de Dilma
Meia centena de manifestantes receberam com palavras de ordem Gilmar Mendes, o juiz do Supremo brasileiro que confirmou a suspensão de Lula como ministro.
Cerca de meia centena de brasileiros esteve defronte da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (FDUL) nesta terça-feira de manhã para protestar contra a tentativa de destituição da Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, que consideram um golpe de Estado.
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Cerca de meia centena de brasileiros esteve defronte da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (FDUL) nesta terça-feira de manhã para protestar contra a tentativa de destituição da Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, que consideram um golpe de Estado.
A manifestação ocorreu numa altura em que, dentro da FDUL, decorre o IV Seminário Luso-Brasileiro de Direito, promovido conjuntamente pelo Instituto Brasiliense de Direito Público (EDB/IDP) e a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Em declarações à agência Lusa, Bruno Araújo, um dos organizadores do protesto, justificou-o por haver necessidade de "sair em defesa da democracia" no Brasil, "que está actualmente em risco".
O estudante, que está a fazer um doutoramento em Media e Política na Universidade Nova de Lisboa, declarou que este é um movimento constituído por brasileiros ligados à academia, num "acto notável de patriotismo". "Sem um crime efectivo contra a Presidente, como prevê a Constituição, não há outro nome que ocorre se não o de que está a ocorrer uma tentativa de golpe de Estado contra Dilma", disse Bruno Araújo.
Segundo a imprensa brasileira, a conferência de Lisboa, subordinada ao tema Constituição e Crise – A Constituição no Contexto das Crises Política e Económica, foi vista por membros do Governo de Dilma Rousseff como um pretexto encontrado para reunir alguns dos principais líderes do movimento pró-destituição para a tentar derrubar.
Presentes estão os senadores Aécio Neves e José Serra, ambos do Partido da Social Democrata Brasileira (PSDB, oposição), além do presidente do Tribunal de Contas da União, Aroldo Cedraz, e do magistrado do Supremo Tribunal Federal brasileiro (STF) Dias Toffoli, bem como o juiz Gilmar Mendes, também do STF, que confirmou a suspensão da posse de Lula da Silva como ministro.
O vice-Presidente brasileiro, Michel Temer, foi convidado para o evento na qualidade de "constitucionalista" mas cancelou a participação dado que nesta terça-feira haverá a reunião que decidirá se o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB, a que pertence) permanecerá na base aliada de Dilma Rousseff.
"As pessoas presentes no seminário não têm estatuto moral para defender o impeachment da Presidente", disse Bruno Araújo.
Também presente na manifestação, Milton de Sousa, professor no Brasil mas residente há cerca de um ano em Portugal, onde está a fazer um doutoramento em Teatro na Universidade Nova de Lisboa, indicou que os brasileiros são a favor das investigações contra a corrupção, mas que existe actualmente um "selectismo" nas averiguações. "Os participantes no Congresso vêm discutir Constituição e Democracia, mas no Brasil estão a promover o impeachment de uma Presidente democraticamente eleita", disse.
Os cerca de 50 manifestantes empunhavam cartazes com palavras de ordem como "no meu país não tem lugar para golpistas e fascistas", "democracia sim, golpe não" ou "no país de Abril, golpismo não passará".
Ao mesmo tempo, entoavam "a verdade é dura, a OAB [Ordem dos Advogados do Brasil] apoiou a ditadura", "não vai ter golpe", "Gilmar fascista não passará", "Serra ladrão respeite a Constituição" ou "o pré-sal é nosso".