Bossa nova, Schubert e Schumann? É Paula Morelenbaum em trio

Bossarenova Trio, com voz brasileira e dois músicos alemães, é o novo projecto de Paula Morelenbaum, que chega esta terça-feira ao Centro Cultural de Belém.

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Joo Kraus, Paula Morelenbaum e Ralf Schmid DR

Paula Morelenbaum é já uma presença regular em Portugal. A solo ou nos vários grupos que foi integrando, como a Banda Nova, de Tom Jobim, ou o Quarteto Jobim Morelenbaum (com Ryuichi Sakamoto e com o seu marido, o violoncelista e compositor Jaques Morelenbaum). Agora chega-nos em trio, com dois conceituados músicos alemães, o pianista Ralf Schmid e trompetista Joo Kraus.

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Paula Morelenbaum é já uma presença regular em Portugal. A solo ou nos vários grupos que foi integrando, como a Banda Nova, de Tom Jobim, ou o Quarteto Jobim Morelenbaum (com Ryuichi Sakamoto e com o seu marido, o violoncelista e compositor Jaques Morelenbaum). Agora chega-nos em trio, com dois conceituados músicos alemães, o pianista Ralf Schmid e trompetista Joo Kraus.

Nascida no Rio de Janeiro, em 31 de Julho de 1962, e com uma carreira a solo iniciada em 1990, em Nova Iorque (o seu primeiro disco, homónimo, data de 1993), recebeu em 2009 um convite que tinha a ver, precisamente, com os 50 anos da bossa nova. Ao PÚBLICO, ela explica como foi: “Fui convidada pela SWR Big Band de Stuttgart; quem me telefonou foi o Ralf Schmid, que colaborava com eles, para fazer um projecto com música brasileira, bossa nova, com big band. Eu hesitei, porque big band fazia-me lembrar Frank Sinatra, achava que não tinha nada a ver. Era um preconceito. Mas fiquei muito impressionada com os arranjos e percebi que seria possível fazer um trabalho assim.” Fizeram-no, de facto, e deu origem a um disco a que puseram o nome de Bossarenova, lançado em 2010. Actuaram muitas vezes, especialmente na Alemanha.

Só depois dele é que surgiu o actual trio: Paula Morelenbaum (voz), Ralf Schmid (piano) e Joo Kraus (trompete), uma brasileira e dois alemães. “Já é um desenvolvimento. Resolvemos passar de uma big band com 25 pessoas para fazer um show só nós. Foi uma ideia que surgiu porque o Joo Kraus já toca há muito tempo com o Ralf Schmid noutros trabalhos, já gravaram discos juntos. A maioria dos arranjos para esta formação foi feita na hora, com algumas músicas que a gente não tinha gravado no projecto anterior.” O novo disco chamou-se Samba Prelúdio e foi lançado em 2013, já com assinatura do Bossarenova Trio, assim ficou a chamar-se o grupo.

O disco, além de clássicos brasileiros como O morro não tem vez, Samba em prelúdio (ambos de Jobim e Vinicius), Samba da minha terra (de Caymmi) ou Samba de Verão (de Marcos Valle), junta, por exemplo, Insensatez com o prelúdio op 28 n.º 4 de Chopin e o Orfeo de Monteverdi com A Felicidade de Jobim e Vinicius. E tem outros trechos clássicos, como a Serenata de Schubert ou Clara, de Schumann, ambos com letra em português de Arthur Nestrovski. Tem, além disso, dois temas de Villa Lobos (Melodia sentimental e Trenzinho do Caipira) e um tema original, composto pelo trio, com poema de Eucanaã Ferraz: Primavera Verão.

Isto é o que ouviremos agora em Portugal, primeiro em Lisboa, no Pequeno Auditório do Centro Cultural de Belém (esta terça-feira, dia 29, às 21h), depois em Coimbra (dia 31, no Conservatório de Música, às 21h30), Famalicão (1 de Abril, na Casa das Artes, às 21h30) e Ponta Delgada (dia 2, no Teatro Micaelense, às 21h30). Desde o lançamento do disco, o trio tem percorrido inúmeros palcos. “Temos tocado bastante na Europa. Só ainda não fomos ao Brasil. Estamos ainda negociando com uma gravadora. A nossa expectativa é chegar ao Brasil com este trabalho.”