Corpos dos 12 portugueses só serão trasladados depois da Páscoa
Condutor da carrinha ainda não foi ouvido pelas autoridades francesas: três das vítimas mortais eram seus familiares e encontra-se em estado de choque. Famílias não aceitaram transporte dos corpos por avião da Força Aérea
Os corpos das 12 vítimas mortais do acidente rodoviário em Moulins, Allier, no Centro de França, só serão trasladados para Portugal depois da Páscoa, a partir de terça-feira, confirmou o secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro.
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Os corpos das 12 vítimas mortais do acidente rodoviário em Moulins, Allier, no Centro de França, só serão trasladados para Portugal depois da Páscoa, a partir de terça-feira, confirmou o secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro.
As diligências relacionadas com o acidente em curso em França e o facto de na segunda-feira ser feriado naquele país ajudam a explicar a demora no transporte dos corpos até Portugal. As autoridades francesas dispensaram a autópsia, explicou o governante, mas mesmo assim é preciso que tanto as autoridades locais como as sanitárias - além dos serviços consulares - tratem dos procedimentos burocráticos exigidos por lei para a tranladação poder ser feita. "O Governo português tinha disponibilizado apoio para isso com um avião da Força Aérea Portuguesa, mas as famílias de onze das 12 vítimas já comunicaram que querem tratar do assunto através de agências funerárias", disse José Luís Carneiro. O facto de estas agências tratarem de alguns procedimentos administrativos, como o reembolso das despesas, e de o transporte aéreo não chegar até às freguesias de onde eram oriundas as vítimas poderá ajudar a explicar a opção, acrescentou o governante.
Os 12 portugueses morreram na noite de quinta-feira quando a carrinha em que viajavam a caminho de Portugal colidiu, de frente, com um camião. O acidente aconteceu na Estrada Nacional 79, conhecida pela perigosidade e elevado número de desastres automóveis. O condutor da carrinha, um português de 19 anos, sobreviveu, assim como os dois condutores italianos que seguiam no pesado onde a carrinha embateu.
Condutor sem data para ser ouvido
Foi aberto um inquérito, conduzido pelas forças de polícia militarizadas (Gendarmerie). Um dos dois italianos condutores do camião envolvido no acidente já foi ouvido e o outro deverá sê-lo hoje, segundo a informação prestada pelo Procurador da República de Moulins, Pierre Gagnoud.
O condutor da carrinha ainda não foi chamado pelas autoridades. Segundo o magistrado, que a Lusa cita, o português está hospitalizado numa unidade psiquiátrica, onde deverá permanecer durante alguns dias e antes “do início da próxima semana” não deverá ser chamado a depor. "Três das vítimas mortais são familiares do condutor", revelou o presidente da Câmara de Trancoso.
A carrinha onde viajavam os emigrantes pertencia a um empresário de Palhais, neste concelho, do qual são oriundas pelo menos três das 12 vítimas. Na mesma unidade hospitalar está um outro homem que as autoridades referem como o presumível proprietário da carrinha e que, segundo o magistrado de Moulins, está também em estado de choque. Segundo o jornal regional francês La Montaigne, que tem acompanhado de perto o caso, os elementos já recolhidos no âmbito da investigação ao inquérito dão conta que seguia a bordo “de um outro veículo” que acompanhava o carro acidentado - e que “desapareceu no nada” depois do acidente, não tendo sido encontrado até ao momento.“Fosse passageiro ou condutor do veículo, este homem voltou a pé para o local do acidente e ficou em estado de choque”, disse o procurador Pierre Gagnoud.
Um dos factos que as autoridades estão a investigar é se a carrinha onde seguiam os portugueses poderia transportar 13 pessoas (o condutor e os 12 passageiros). Apesar de o Ministério Público francês ainda estar a investigar o caso e de nenhuma fonte oficial ter confirmado a exacta lotação do veículo, as imagens do acidente mostram que se trata de um furgão Mercedes Sprinter, pelo que a lotação máxima nunca poderia ultrapassar os nove lugares.
O mais provável, segundo fontes do meio automóvel contactadas pelo PÚBLICO, é que a lotação máxima deste veículo seja de seis lugares, uma vez que apenas tinha vidros laterais na porta do condutor e dos passageiros da frente e numa porta lateral – habitualmente, os furgões de nove lugares têm vidros laterais ao longo de todo o veículo.
As vítimas são ainda dos distritos de Aveiro, Guarda e Viseu, dos concelhos de Cinfães, Sernancelhe, Oliveira de Azeméis, Pombal, Castelo de Paiva e Arouca.