Estado pondera pagar com terrenos seis pinturas de Vieira da Silva
Proprietários estão receptivos à proposta de permuta que evita a dispersão das obras pelo estrangeiro.
O Ministério da Cultura (MC) fez uma proposta de permuta aos herdeiros do banqueiro e coleccionador de arte Jorge de Brito (1928-2006) para garantir que as seis pinturas de Vieira da Silva depositadas desde Agosto de 2011 na fundação dedicada à pintora e ao seu marido e avaliadas em seis milhões de euros ficam em Portugal. De acordo com a notícia avançada este sábado pelo semanário Expresso, os proprietários estão receptivos à proposta, que terá já sido feita há mais de um mês e aguarda luz verde do Governo. “Não podemos esperar eternamente, mas sabemos que o MC está a dar carácter de urgência a este processo e estamos empenhados em colaborar numa solução que permita que os quadros não saiam do país”, confirmou ao PÚBLICO o representante dos herdeiros, João de Brito.
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O Ministério da Cultura (MC) fez uma proposta de permuta aos herdeiros do banqueiro e coleccionador de arte Jorge de Brito (1928-2006) para garantir que as seis pinturas de Vieira da Silva depositadas desde Agosto de 2011 na fundação dedicada à pintora e ao seu marido e avaliadas em seis milhões de euros ficam em Portugal. De acordo com a notícia avançada este sábado pelo semanário Expresso, os proprietários estão receptivos à proposta, que terá já sido feita há mais de um mês e aguarda luz verde do Governo. “Não podemos esperar eternamente, mas sabemos que o MC está a dar carácter de urgência a este processo e estamos empenhados em colaborar numa solução que permita que os quadros não saiam do país”, confirmou ao PÚBLICO o representante dos herdeiros, João de Brito.
Em causa estão seis obras que o Museu Arpad Szenes-Vieira da Silva tem em exposição ao abrigo de um acordo de comodato que expirou a 31 de Dezembro último: Novembre (1958), La Mer (1961), New Amsterdam I (1970), New Amsterdam II (1970), L’Esplanade (1967) e Au fur et à mesure (1965). Embora estivesse salvaguardada a opção de compra pelo Estado português ou pela própria instituição durante a vigência do acordo, o prazo acabou por expirar sem que qualquer solução fosse encontrada para impedir a dispersão das pinturas de Vieira da Silva e assegurar a sua vinculação ao acervo do museu. “Face às dificuldades do Estado para exercer o direito de compra, começámos a analisar alternativas”, explica João de Brito, sublinhando que “o protocolo não obrigava em nada o Estado” mas estipulava que este não se oporia à saída das obras do país caso acabasse por não proceder à sua aquisição.
Perante a actual hipótese de “uma alternativa à compra em dinheiro” que garante a manutenção das seis obras em Portugal, a família não esconde a sua preferência: “Do ponto de vista económico não é certamente o negócio mais vantajoso para nós, mas desde que se respeitem os valores fixados pelo acordo de 2011 ficaremos encantadíssimos.” Em Fevereiro, no debate relativo à proposta de Orçamento de Estado para a Cultura, João Soares já tinha anunciado que o MC estava a trabalhar numa proposta de “troca de património pelas obras”, de modo a assegurar a permanência das pinturas de Vieira da Silva no país.
Estas são, recorde-se, as últimas seis obras de Vieira da Silva do núcleo inicial de 22 que o coleccionador deixou em depósito no museu à data da sua criação, em 1994, e que em Outubro de 2011 foram leiloadas em Paris pela casa Tajan. Uma delas, o quadro Saint-Fargeau (1965), encontrou então comprador por 1,54 milhões de euros, o valor mais alto de sempre pago por uma obra de um artista português.