Papa denuncia “consciência insensível e anestesiada” da Europa face aos migrantes

Na Via Sacra, o chefe da Igreja Católica criticou ainda a pedofilia no clero.

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O Papa durante a Via Sacra REUTERS/Max Rossi

O papa Francisco denunciou nesta sexta-feira “a consciência insensível e anestesiada” da Europa, relativamente aos migrantes, e a traição dos padres pedófilos, que “roubam aos inocentes a sua dignidade”, numa oração no final da Via Sacra, no Coliseu de Roma.

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O papa Francisco denunciou nesta sexta-feira “a consciência insensível e anestesiada” da Europa, relativamente aos migrantes, e a traição dos padres pedófilos, que “roubam aos inocentes a sua dignidade”, numa oração no final da Via Sacra, no Coliseu de Roma.

O Mediterrâneo e o Mar Egeu “tornaram-se um cemitério insaciável, imagem da nossa consciência insensível e anestesiada”, lamentou o Papa, na oração de cerimónia da Sexta-Feira Santa, que assinala a paixão e a morte de Cristo.

O Papa renovou o seu apelo aos países da União Europeia, para que acolham condignamente os centenas de milhares de requerentes de asilo e migrantes.

“Oh Cruz de Cristo, nós vemos hoje nos rostos das crianças, das mulheres e das pessoas, exaustas e assustadas que fogem das guerras e da violência e não encontram mais do que a morte e Pilatos de mãos lavadas”, disse.

O Papa condenou também a pedofilia no clero: “Oh Cruz de Cristo, nós ainda te vemos hoje nos ministros infiéis que, em vez de se livrarem das suas vãs ambições, roubam aos inocentes a sua dignidade”, afirmou.

Evocando as ofensivas jihadistas que afectam África, o Médio Oriente e chegam ao coração da Europa, o Papa Francisco denunciou “os fundamentalismos e o terrorismo dos adeptos de certas religiões que profanam o nome de Deus e o usam para justificar uma violência sem precedentes”.

São “os vendedores de armas que alimentam a fornalha da guerra com o sangue inocente dos irmãos”.

Aludindo às perseguições dos cristãos, Jorge Bergoglio lamentou “o silêncio cobarde” do mundo para com “as irmãs e irmãos mortos, queimados vivos, abatidos e decapitados, com espadas bárbaras”.

O Papa criticou ainda o fundamentalismo rígido de certas religiões, incluindo a Igreja Católica, “doutores da letra e não do espírito, da morte e não da vida, que em vez de ensinarem a misericórdia e a vida, ameaçam de punição e de morte e condenam o justo”. Estes “corações endurecidos julgam facilmente os outros, prontos a condená-los até ao apedrejamento”, referiu.

O Papa também criticou fortemente a concepção de laicidade em alguns países ocidentais que proíbem a expressão da fé e símbolos religiosos, como os crucifixos, em espaços públicos.