A culpa é de um polícia, diz ministro do Interior belga

Oficial de ligação na embaixada da Bélgica na Turquia não transmitiu correctamente informações sobre bombista do aeroporto, Ibrahim al Bakraoui, afirma governante.

Foto
Jan Jambon acusou oficial de ligação na embaixada de Ancara de negligência VIRGINIE LEFOUR/AFP

A culpa da falta de informação em Bruxelas sobre a radicalização de Ibrahim al Bakraoui, um dos bombistas-suicidas que se fez explodir no aeroporto de Zaventem, é do polícia que ocupa o posto de oficial de ligação com as autoridades turcas na embaixada da Bélgica em Ancara, afirmou nesta sexta-feira o ministro do Interior belga, Jan Jambon, no Parlamento.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A culpa da falta de informação em Bruxelas sobre a radicalização de Ibrahim al Bakraoui, um dos bombistas-suicidas que se fez explodir no aeroporto de Zaventem, é do polícia que ocupa o posto de oficial de ligação com as autoridades turcas na embaixada da Bélgica em Ancara, afirmou nesta sexta-feira o ministro do Interior belga, Jan Jambon, no Parlamento.

“Só posso concluir que uma pessoa foi no mínimo negligente, pouco pró-activa, e pouco empenhada”, afirmou o ministro, que na véspera tinha oferecido a sua demissão ao primeiro-ministro (recusada), reconhecendo terem existido erros de segurança. Numa audição conjunta das comissões da Justiça, do Interior e dos Negócios Estrangeiros, Jambon acusou este oficial da polícia federal de ter demorado muito a informar o Governo da detenção de Ibrahim al Bakraoui junto à fronteira com a Síria no Verão passado e da sua extradição para a Holanda – onde não foi detido, pois não havia qualquer mandato para a sua captura.

Segundo a explicação do ministro, Bakraoui foi capturado na Turquia a 11 de Junho de 2015 e as autoridades turcas informaram a embaixada belga de que seria colocado num avião para Amsterdão, como este tinha pedido, a 14 de Julho. Como o oficial de ligação belga só informou Bruxelas seis dias mais tarde, a 20 de Julho, de que Ibrahim al Bakraoui tinha sido detido na Turquia por suspeita de estar a tentar atravessar a fronteira para ir para a Síria juntar-se a um grupo terrorista, as autoridades holandesas não o detiveram à chegada. Não havia um alerta internacional em seu nome – apenas era procurado por ter deixado de comparecer às reuniões de controlo da liberdade condicional desde Maio (fora condenado na Bélgica por um crime de delito comum).

O oficial de ligação em Ancara procurou depois obter mais dados das autoridades turcas para confirmar a detenção por terrorismo – mas a resposta só chegou a Bruxelas a 11 de Janeiro de 2016.

“O passado dos irmãos Al-Bakraoui [Khalid, que também estava em liberdade condicional, fez-se explodir na estação de metro de Maelbeek] não era assim tão negativo como o sugerem estes últimos dias”, tentou justificar o ministro da Justiça, Koen Geens, que também ofereceu a sua demissão, igualmente recusada pelo primeiro-ministro Charles Michel.

Vai ser aberta uma comissão parlamentar de inquérito sobre este caso que, no entanto, ainda não tem data prevista para início dos trabalhos.