Os sobreviventes
Um projecto interessante de ficção científica adulta que fica pelo caminho: Os Últimos na Terra
O americano Craig Zobel fez-se notar com Obedência (2012), um olhar extraordinariamente desconfortável sobre a nossa relação com a autoridade e o poder concentrado quase só num único cenário. Os Últimos na Terra retoma essa dimensão de “filme de câmara”, só que, agora, a “espaço aberto”, juntando três sobreviventes de uma catástrofe global: uma jovem religiosa que sobreviveu sozinha num vale protegido da radiação, e dois homens de passagem que se refugiam no seu reduto, um cientista adoentado e um mineiro.
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O americano Craig Zobel fez-se notar com Obedência (2012), um olhar extraordinariamente desconfortável sobre a nossa relação com a autoridade e o poder concentrado quase só num único cenário. Os Últimos na Terra retoma essa dimensão de “filme de câmara”, só que, agora, a “espaço aberto”, juntando três sobreviventes de uma catástrofe global: uma jovem religiosa que sobreviveu sozinha num vale protegido da radiação, e dois homens de passagem que se refugiam no seu reduto, um cientista adoentado e um mineiro.
O dispositivo não é grandemente original – o triângulo de sobreviventes já foi bastante explorado e não só no cinema – mas há alguma inteligência no modo como Os Últimos na Terra debate questões de fé e ciência, remetendo para uma ideia de ficção científica adulta muito seventies (evocando a espaços o Cosmonauta Perdido de Douglas Trumbull). Infelizmente, Zobel deixa o filme afundar-se numa inércia convencional, sisuda e derivativa, que só a espaços consegue a tensão pretendida, apesar dos actores serem bastante bons (Margot Robbie fez-nos até lembrar um pouco Jennifer Lawrence nos Jogos da Fome). É um projecto simpático, digno até, mas que parece sempre ficar aquém do que se propõe.