Padre suspeito de desviar fundos para comprar Porsche e outros bens de luxo

Operação Veritas da PJ incluiu buscas na Casa do Gaiato e noutras quatro IPSS do Patriarcado de Lisboa. Freira e padre são suspeitos de peculato.

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Casa do Gaiato Paulo Pimenta/Arquivo

Um padre é suspeito de ter desviados milhares de euros de cinco IPSS para comprar bens de luxo, entre eles um automóvel Porsche no valor de 150 mil euros. A Polícia Judiciária (PJ) fez buscas na manhã desta quarta-feira na Casa do Gaiato, em Santo Antão do Tojal, Lisboa, e em quatro outras Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) ligadas ao Patriarcado de Lisboa e presididas pelo pároco. No total, a acção incluiu dez buscas, cinco em IPSS e outras cinco em casas de dirigentes ligados a essas instituições. 

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Um padre é suspeito de ter desviados milhares de euros de cinco IPSS para comprar bens de luxo, entre eles um automóvel Porsche no valor de 150 mil euros. A Polícia Judiciária (PJ) fez buscas na manhã desta quarta-feira na Casa do Gaiato, em Santo Antão do Tojal, Lisboa, e em quatro outras Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) ligadas ao Patriarcado de Lisboa e presididas pelo pároco. No total, a acção incluiu dez buscas, cinco em IPSS e outras cinco em casas de dirigentes ligados a essas instituições. 

Em causa estará o crime de peculato, com o desvio de fundos públicos que tinham sido canalizados para essas entidades. A PJ vai agora contabilizar o valor exacto do desvio. No centro da investigação está o padre Arsénio Isidoro que foi indicado pelo Patriarcado de Lisboa para a presidência dessas instituições, adiantou fonte policial. O pároco de Torres Vedras foi constituído arguido no âmbito desta operação, tendo o PÚBLICO tentado contactá-lo sem sucesso. Também uma freira, que seria responsável pelas finanças dessas IPSS, é arguida no caso.

Operação Veritas foi desenvolvida pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção da PJ no âmbito de um inquérito do Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa que começou “meados em 2014”. Logo então estavam em causa para a investigação “actos de gestão fraudulenta de entidades privadas com utilidade pública consubstanciados em apropriações indevidas para a aquisição de bens de luxo", segundo a PJ.

Em comunicado, a Casa do Gaiato disse estar totalmente disponível para colaborar com as autoridades e manifestou “total confiança e solidariedade para com o presidente da Direcção Padre Arsénio Isidoro”.

Além da Casa do Gaiato, a PJ esteve também na Associação Protectora Florinhas da Rua junto da qual o PÚBLICO não conseguiu obter qualquer reacção.

Já ao final do dia, o Patriarcado de Lisboa prometeu em comunicado “cooperar integralmente com as autoridades” e sublinhou só ter sabido através da comunicação social que “algumas entidades canónicas, na área da sua jurisdição, foram alvo de buscas por parte de entidades judiciais, no âmbito de uma denúncia sobre a prática menos correcta, de actos administrativos por alguns dos seus responsáveis”.

A operação destinou-se à recolha de documentos e outros indícios que possam contribuir para o desenvolvimento da investigação, não tendo sido efectuadas detenções, garantiu fonte da PJ. 

A polícia salientou ter apreendido, durante as buscas, provas importantes para a "constituição de dois arguidos pela presumível prática de crimes de peculato".